segunda-feira, 29 de julho de 2019
Tannhauser na colina verde
Um Tannhauser inteligente e desequilibrado, que me fez viajar entre o desespero de uma versão incompleta - tal como W disse pouco antes de morrer "Ainda devo ao mundo o meu Tannhauser"- e a sensibilidade quase colada à genialiduade da música. No saldo ficam as boas ideias de Kratzer, e a frustração de mais uma obra mal lida, malgré tout.
Bayreuth, 2019
Morrer em vida
Sonhar que se morre no sono. Pura cobardia, a de morrer sem sofrimento.
Mas será que a morte tem assim tanto significado? Claro que não, trata-se de apagar uma existência, a daquele que existiu e que não mais vai sentir o que quer que seja. Então porquê a cobardia? Porquê ser nobre morrer com sofrimento?
Expulsemos as religiões, verdadeiros demónios dentro de nós. Elas sim, o capote dos cobardes que não nos querem deixar morrer em vida, de viver a única forma digna de morrer. Ao sol.
Hopper, Woman in the sun , People in the sun
segunda-feira, 8 de julho de 2019
No peito dos desafinados também bate um coração
Percebe-se o exagero de Caetano "Melhor que o João só o silêncio e melhor que o silêncio só o João"
Fica a outra certeza do João Gilberto, a de que todos morremos, mas mais felizes porque ele nos deixou a sua musicalidade embrulhada em sensibilidade de desafinado e para desafinados.
Antony Gormley, escultura
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