Não gosto de esquinas. O mar não as tem e eu não passo sem a proximidade do mar. Os rios não as têm, e são lindos de ver entrelaçando qualquer paisagem. As planícies não as têm, e são o cenário perfeito para a vida sem rédeas. Só as urbes as ostentam. Gosto de muitas urbes, mas nada das suas esquinas. São contornos de prisão. À noite são sítios frequentados por almas que vendem corpos. De dia, são lugares de passagem. Mas também são montra para corpos sem alma. As esquinas ostentam pessoas que a elas se agarram na esperança de que a qualquer momento surja, precisamente ao dobrar da esquina, alguém que lhes traga um sopro de alma.
Tudo isto porque há pouco vi uma mulher à esquina de uma rua elegante. Vestia bem, com cuidado, gosto e alguma ostentação. Mas comia uma tangerina e cospia os caroços para o chão. Sem se dar conta, afastava quem queria virar a esquina.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
Filantropia
A propósito dos distúrbios de ontem na África do Sul, lembrei-me de registar algumas palavras sobre alguma filantropia actual. A que tem origem em jovens milionários, que fizeram fortuna suficiente para lhes permitir encarar, sem preocupações materiais, o seu futuro. Um luxo ao alcance de poucos. Não o luxo de poder gastar ou esbanjar dinheiro. Mas o luxo de poderem viver em vida. Saboreando os dias e as noites, numa saudável perseguição dos seus sonhos.
São já muitos os ricos que aplicam as suas fortunas em projectos pessoais, mas com forte e positivo impacto para além dos seus sonhos. Falo de quem comprou vastas extensões de terras em África, reavivando alguma da mística que Hollywood divulgou há dezenas de anos, em filmes de intensidade carnal.
Na tentativa de realizarem desejos após uma vida urbanamente sufocante, alguns dos materialmente poderosos, instalaram a alma em zonas de infinita beleza, nos antípodas do ambiente onde fizeram fortuna. Ajudam as populações a alcançar limiares nunca imaginados de bem-estar: alimentação, educação, medicamentos, etc. Ajudam a que o eco-sistema não seja destruído: dezenas ou centenas de hectares, onde não deixam que a urbanidade cresça como um cancro. Vivem metade do ano em tendas porque o cimento já incomoda. São os novos filantropos a quem agradecemos o despojo material para salvar algumas partes do planeta. Haja esperança no alastrar dessas pequenas manchas mantidas em estado puro.
São já muitos os ricos que aplicam as suas fortunas em projectos pessoais, mas com forte e positivo impacto para além dos seus sonhos. Falo de quem comprou vastas extensões de terras em África, reavivando alguma da mística que Hollywood divulgou há dezenas de anos, em filmes de intensidade carnal.
Na tentativa de realizarem desejos após uma vida urbanamente sufocante, alguns dos materialmente poderosos, instalaram a alma em zonas de infinita beleza, nos antípodas do ambiente onde fizeram fortuna. Ajudam as populações a alcançar limiares nunca imaginados de bem-estar: alimentação, educação, medicamentos, etc. Ajudam a que o eco-sistema não seja destruído: dezenas ou centenas de hectares, onde não deixam que a urbanidade cresça como um cancro. Vivem metade do ano em tendas porque o cimento já incomoda. São os novos filantropos a quem agradecemos o despojo material para salvar algumas partes do planeta. Haja esperança no alastrar dessas pequenas manchas mantidas em estado puro.
terça-feira, 13 de maio de 2008
Frase copyright
Frase para concurso DN/RinRio ( tema pedido: sustentabilidade ) que lhes enviei há uns dias. Sem sucesso, aqui fica registada, just in case:
Má onda, surfar nas ondas do degelo; não contribua para o aquecimento global.
Má onda, surfar nas ondas do degelo; não contribua para o aquecimento global.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
o Tempo, sempre o tempo
Nada como um par de feriados para dar vida à depressão! Esta velha amiga que, ora se esconde ora aparece, tem-me visitado nos últimos dias com uma assiduidade enfeitada por um vincado sorriso trocista. Com aquele ar de quem não parte um prato, lá me vem deixando mensagens fatais.
Diz ela: Já viste quantos dias de lazer em duas semanas? Imaginas o tempo que vais poder tirar para ti? O quanto vais poder ler, ouvir e ver! os teus livros por ler, os teus discos por ouvir e ver. Enfim, montes de livros que já compraste e ainda não leste. A somar às montanhas de livros que te apetecia voltar a ler. Enfim, as pilhas de CDs e DVDs que não param de aumentar e que ainda não ou(viste). Que se juntam às centenas de discos que gostarias de voltar a ouvir e a ver. Faltam-te... mais feriados! Aliás, pensando bem, todos os livros e discos que possuis, são apenas uma parte dos livros e discos que pretendes ainda vir a ter. Parece-me que os feriados não vão chegar. Parece-me até que,... não sei se te diga... Podes nem vir a ter tempo de vida para ler, ouvir e ver tudo o queres. Pior, tudo o que já tens. Que desperdício! não conseguires gozar o que te dá tanto gozo. Lembras-te daquela sondagem aos wagnerianos? 22% já ouviram o Anel no mesmo dia! Eu sei que tu também já ouviste. Foi... há mais de trinta anos. E achas que o poderás voltar a fazer? Ah, pois, o tempo que não para de escorrer por entre a vida. Tanto desperdício de viver... em vida.
Digo eu: Viver em vida é também varrer a ansiedade e a depressão para fora de mim.
E mais não lhe consegui responder. Será que ela tem razão? Posso sempre pensar que sou vítima da sociedade de consumo. Que não consigo fugir às compras compulsivas de livros e discos, e que, no final do dia, consigo sempre seleccionar o que realmente gosto e me toca. E para o que me toca terei sempre tempo.
Diz ela, íntima dos meus pensamentos, dando-me o braço, grudada em mim, ostentando o único sorriso que consigo ver: Que mentiroso tão sem jeito me saíste!
Diz ela: Já viste quantos dias de lazer em duas semanas? Imaginas o tempo que vais poder tirar para ti? O quanto vais poder ler, ouvir e ver! os teus livros por ler, os teus discos por ouvir e ver. Enfim, montes de livros que já compraste e ainda não leste. A somar às montanhas de livros que te apetecia voltar a ler. Enfim, as pilhas de CDs e DVDs que não param de aumentar e que ainda não ou(viste). Que se juntam às centenas de discos que gostarias de voltar a ouvir e a ver. Faltam-te... mais feriados! Aliás, pensando bem, todos os livros e discos que possuis, são apenas uma parte dos livros e discos que pretendes ainda vir a ter. Parece-me que os feriados não vão chegar. Parece-me até que,... não sei se te diga... Podes nem vir a ter tempo de vida para ler, ouvir e ver tudo o queres. Pior, tudo o que já tens. Que desperdício! não conseguires gozar o que te dá tanto gozo. Lembras-te daquela sondagem aos wagnerianos? 22% já ouviram o Anel no mesmo dia! Eu sei que tu também já ouviste. Foi... há mais de trinta anos. E achas que o poderás voltar a fazer? Ah, pois, o tempo que não para de escorrer por entre a vida. Tanto desperdício de viver... em vida.
Digo eu: Viver em vida é também varrer a ansiedade e a depressão para fora de mim.
E mais não lhe consegui responder. Será que ela tem razão? Posso sempre pensar que sou vítima da sociedade de consumo. Que não consigo fugir às compras compulsivas de livros e discos, e que, no final do dia, consigo sempre seleccionar o que realmente gosto e me toca. E para o que me toca terei sempre tempo.
Diz ela, íntima dos meus pensamentos, dando-me o braço, grudada em mim, ostentando o único sorriso que consigo ver: Que mentiroso tão sem jeito me saíste!
segunda-feira, 21 de abril de 2008
O tsunami silencioso
Existe flagrante excesso populacional para os recursos desenvolvidos. A fome alastra, as doenças instalam-se, o desespero comanda a razão, a Besta volta a contratar os 4 do Apocalipse. Vêm pela calada da ignorância, aproveitando do desconhecimento generalizado, invadem as populações que estão fora do circuito ocidental, dizimando pela fome. Para os ocidentais, arquivam-se números de vítimas, elaboram-se estatísticas para os compêndios que ninguém abre.
Começam a circular as notícias sobre a escassez de recursos naturais, o petróleo à cabeça, claro, as enissões de CO2, a necessidade de ser conscientemente verde,... E os ocidentais lá vão aceitando que alguma coisa poderá estar mal. E acreditam, porque gastam cada vez mais dinheiro para encher o depósito do carro. Toca-lhes.
Mas, também os preços da comida estão a subir. Toca aos que têm carro e aos que não têm. Aqui, sim, a gravidade é preocupante. É uma onda de devastação que se ergue. Fatidicamente imparável. Fome, subnutrição, doença e morte. Mata mesmo. Destrói e depois aniquila. Já dizimou muitos. Aqueles que estavam no limiar de rendimentos abaixo dos 50 cêntimos por dia. Está a atingir aquele bilião de pessoas - dizem as estatísticas do World Food Programme, agência das Nações Unidas - que têm um rendimento de 1 dólar por dia, que não sabem o que é carne, que reduziram o número diário de refeições; atinge aquela franja dos 2 dólares por dia, que tira os filhos da escola, que deixou de comprar vegetais para poder ter algum arroz. Imagine-se o efeito de expectáveis subidas de preço dos alimentos, na ordem dos 10, 20, 30%. Multiplique-se por aquele bilião, e veja-se o ritmo do seu alastramento.
Tudo isto se passa sem que nos capacitemos da verdadeira dimensão do problema. Apesar da globalização. Silenciosamente, o tsunami - como lhe chamou Josette Sheeran do World Food Programme - avança.
Pegunto-me por solucções. Levanto os olhos para os países ricos. Cegos de não querer ver. Fracos na vontade de atenuar as distorsões. Temos de distribuir tecnologia e não comida. Fazendo jus ao velho provérbio: se queres acabar com a fome do teu vizinho, não lhe dês peixe, ensina-o a pescar. Baixo os olhos, penso nos filhotes, tento soltar-me de tantas algemas...
Começam a circular as notícias sobre a escassez de recursos naturais, o petróleo à cabeça, claro, as enissões de CO2, a necessidade de ser conscientemente verde,... E os ocidentais lá vão aceitando que alguma coisa poderá estar mal. E acreditam, porque gastam cada vez mais dinheiro para encher o depósito do carro. Toca-lhes.
Mas, também os preços da comida estão a subir. Toca aos que têm carro e aos que não têm. Aqui, sim, a gravidade é preocupante. É uma onda de devastação que se ergue. Fatidicamente imparável. Fome, subnutrição, doença e morte. Mata mesmo. Destrói e depois aniquila. Já dizimou muitos. Aqueles que estavam no limiar de rendimentos abaixo dos 50 cêntimos por dia. Está a atingir aquele bilião de pessoas - dizem as estatísticas do World Food Programme, agência das Nações Unidas - que têm um rendimento de 1 dólar por dia, que não sabem o que é carne, que reduziram o número diário de refeições; atinge aquela franja dos 2 dólares por dia, que tira os filhos da escola, que deixou de comprar vegetais para poder ter algum arroz. Imagine-se o efeito de expectáveis subidas de preço dos alimentos, na ordem dos 10, 20, 30%. Multiplique-se por aquele bilião, e veja-se o ritmo do seu alastramento.
Tudo isto se passa sem que nos capacitemos da verdadeira dimensão do problema. Apesar da globalização. Silenciosamente, o tsunami - como lhe chamou Josette Sheeran do World Food Programme - avança.
Pegunto-me por solucções. Levanto os olhos para os países ricos. Cegos de não querer ver. Fracos na vontade de atenuar as distorsões. Temos de distribuir tecnologia e não comida. Fazendo jus ao velho provérbio: se queres acabar com a fome do teu vizinho, não lhe dês peixe, ensina-o a pescar. Baixo os olhos, penso nos filhotes, tento soltar-me de tantas algemas...
sexta-feira, 18 de abril de 2008
O Homem sem Qualidades
Um pulinho para dizer que Musil já fala português. São dois volumes da obra monumental que qualquer Homem devia entender. Musil não chegou a escrever o terceiro volume. Teve de morrer, para dar cumprimento ao fatalismo humano. Nós, também nunca o leríamos. Por causa desse mesmo fatalismo. É mesmo assim, então. Lemos, e enquanto lemos, esquecemo-nos que a morte se aproxima de nós.
E tempo para ler?
E tempo para ler?
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Vem aí mais plástico
Regista, meu blog, novo texto premiado pela RV deste mês:
Na sequência de alguma dificuldade da indústria vidreira em responder à procura de garrafas de vidro, o produtor de Bordéus - Castel - veio anunciar que está a considerar enveredar pelo uso de garrafas de plástico. Penso que está dado o pontapé de saída para uma revolução na forma de apresentar o vinho ao consumidor. A seguir ao progressivo abandono da rolha de cortiça vem aí a garrafa de plástico.
Claro que uma razão mais profunda sustenta esta movimentação: o preço crescente de uma garrafa de vidro. O produtor faz contas e a poupança financeira na substituição do vidro pelo plástico, vai repercutir-se certamente, mais na sua conta de exploração, do que na poupança passada ao consumidor.
Mas não é este o meu ponto. Ponhamos de parte aquela pequena franja de mercado de vinhos de topo que continuarão fiéis à cortiça e ao vidro. Olhemos para o consumo normal. E aqui, o que me assusta é o cenário de uma refeição acompanhada por vinho servido no mesmo tipo de vasilhame usado pelos refrigerantes consumidos pelos nossos filhos mais novos. Bom, lá terei de "decantar" todos os vinhos desse futuro próximo, para belas peças de vidro. Vou é ter de pedir às minhas filhas para procederem à operação de transvase, para eu não ver como vinha embalado o vinho que irei beber: olhos que não vêem...
Na sequência de alguma dificuldade da indústria vidreira em responder à procura de garrafas de vidro, o produtor de Bordéus - Castel - veio anunciar que está a considerar enveredar pelo uso de garrafas de plástico. Penso que está dado o pontapé de saída para uma revolução na forma de apresentar o vinho ao consumidor. A seguir ao progressivo abandono da rolha de cortiça vem aí a garrafa de plástico.
Claro que uma razão mais profunda sustenta esta movimentação: o preço crescente de uma garrafa de vidro. O produtor faz contas e a poupança financeira na substituição do vidro pelo plástico, vai repercutir-se certamente, mais na sua conta de exploração, do que na poupança passada ao consumidor.
Mas não é este o meu ponto. Ponhamos de parte aquela pequena franja de mercado de vinhos de topo que continuarão fiéis à cortiça e ao vidro. Olhemos para o consumo normal. E aqui, o que me assusta é o cenário de uma refeição acompanhada por vinho servido no mesmo tipo de vasilhame usado pelos refrigerantes consumidos pelos nossos filhos mais novos. Bom, lá terei de "decantar" todos os vinhos desse futuro próximo, para belas peças de vidro. Vou é ter de pedir às minhas filhas para procederem à operação de transvase, para eu não ver como vinha embalado o vinho que irei beber: olhos que não vêem...
Tudo bons filhos
Experiência:
Vamos pôr os filhos em copos, até meio, e perguntar aos respectivos pais como os vêem.
Resultados:
Uns viram-nos meio cheios, outros meio vazios; quase todos disseram, com irreprimível consternação: é preciso ter sorte com os filhos!
Mau sinal! Porque a sociedade, o país, precisa de bons filhos, bem formados, altamente capazes de a enriquecer sob todos os aspectos.
Serviu esta experiência, levada a cabo ao longo da vida e com fase desgastante no último fim de semana, para realizar aquela verdade insofismável sobre os abismos entre gerações.
É verdade, sofre-se ao reconhecer que pais e filhos vivem em realidades diversas. Ignoremos as excepções, pois é utópico nivelarmos a sociedade por elas.
Sofre-se, quando se é pai, por acreditarmos que não somos compreendidos. Solucção: ir ao encontro dos pensamentos dos filhos.
Sofre-se, quando se é filho, por acreditarmos que não somos compreendidos. Solucção: ir ao encontro dos pensamentos dos pais.
E quando somos pais e filhos ao mesmo tempo? Bom, para além de se sofrer duplamente, acresce um sentimento de impotência para encontrar um espaço de comunhão. A tendência é desistir, sofrer para um lado, sofrer para o outro, tentando equilibrar mais o lado dos filhos. Enfim, ignomínias das condicionantes da natureza humana.
A triste conclusão é que os pais mais velhos têm menos capacidade para se adaptar aos pais mais novos do que estes aos seus filhos. É preciso ter sorte com os pais!
Mau sinal! Porque a sociedade, o país, precisa de bons pais, altamente capazes de deixar uma herança de orgulho aos filhos.
Vamos pôr os filhos em copos, até meio, e perguntar aos respectivos pais como os vêem.
Resultados:
Uns viram-nos meio cheios, outros meio vazios; quase todos disseram, com irreprimível consternação: é preciso ter sorte com os filhos!
Mau sinal! Porque a sociedade, o país, precisa de bons filhos, bem formados, altamente capazes de a enriquecer sob todos os aspectos.
Serviu esta experiência, levada a cabo ao longo da vida e com fase desgastante no último fim de semana, para realizar aquela verdade insofismável sobre os abismos entre gerações.
É verdade, sofre-se ao reconhecer que pais e filhos vivem em realidades diversas. Ignoremos as excepções, pois é utópico nivelarmos a sociedade por elas.
Sofre-se, quando se é pai, por acreditarmos que não somos compreendidos. Solucção: ir ao encontro dos pensamentos dos filhos.
Sofre-se, quando se é filho, por acreditarmos que não somos compreendidos. Solucção: ir ao encontro dos pensamentos dos pais.
E quando somos pais e filhos ao mesmo tempo? Bom, para além de se sofrer duplamente, acresce um sentimento de impotência para encontrar um espaço de comunhão. A tendência é desistir, sofrer para um lado, sofrer para o outro, tentando equilibrar mais o lado dos filhos. Enfim, ignomínias das condicionantes da natureza humana.
A triste conclusão é que os pais mais velhos têm menos capacidade para se adaptar aos pais mais novos do que estes aos seus filhos. É preciso ter sorte com os pais!
Mau sinal! Porque a sociedade, o país, precisa de bons pais, altamente capazes de deixar uma herança de orgulho aos filhos.
terça-feira, 18 de março de 2008
Ginja
Por isto, por aquilo, mas também pela malvada da preguiça, a verdade é que tenho andado arredado ( gosto desta palavra, e talvez o malfadado acordo ortográfico se esqueça de lhe mexer... ) deste blog. E esta visita relâmpago só acontece porque me lembrei que a GINJA já está na Família há quase 2 meses ( e nasceu a 14 Dez 07 ).
Voltarei!
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
O insucesso
Vamo-nos divorciando da política, obviamente por culpa nossa, pois passamos a nossa geração - e a geração passa tão depressa e deixa tantas mazelas para a próxima... - a votar sem exigir que a mediocridade desapareça. Como o demonstra o mais recente episódio da política bufa: as eleições no PSD.
Com a chegada do PS ao poder, muitos votantes do PSD viram implantadas, ou em vias de, linhas de pensamento e respectivas actuações que eram... suas. Resultado, o PS deu um encontrão ao PSD, sem pedir licença mas com legitimidade democrática, ocupando grande parte do seu espaço ideológico, e deixando boa parte do PS como quem acorda de uma ressaca sem saber onde está, ou o que está afazer ali. Esta parte do PS tentou uma cisão, com Alegria, mas faltou arrojo. Talvez o arrojo venha, nas próximas legislativas. Ao contrário, o PSD, sem espaço, pois o empurrão não foi nem para a direita nem para a esquerda, foi para o limbo, vai legitimar, já, com estas eleições internas, a sua cisão.
O futuro próximo pode bem contar com dois PSs e dois PSDs, e assim arrastar Portugal para uma italianização com eleições a serem ganhas por coligações, com tudo o que de instável tal comporta. É assim, que os medíocres ganham, levantando muita poeira para não se ver que nada sabem fazer. Legitimamente, continuaremos a adiar a forma de acertar o passo com a Europa.
Inevitavelmente, amanhã, os nossos filhos e herdeiros, dirão que a culpa é nossa. Mas nós, vivaços e sabidos, pegaremos nalguns textos do Eça do séc.XIX, e num encolher de ombros sem vergonha, diremos que Portugal foi e será sempre assim. Depois, voltamo-nos para o outro lado, e caímos no sono dos justos.
Com a chegada do PS ao poder, muitos votantes do PSD viram implantadas, ou em vias de, linhas de pensamento e respectivas actuações que eram... suas. Resultado, o PS deu um encontrão ao PSD, sem pedir licença mas com legitimidade democrática, ocupando grande parte do seu espaço ideológico, e deixando boa parte do PS como quem acorda de uma ressaca sem saber onde está, ou o que está afazer ali. Esta parte do PS tentou uma cisão, com Alegria, mas faltou arrojo. Talvez o arrojo venha, nas próximas legislativas. Ao contrário, o PSD, sem espaço, pois o empurrão não foi nem para a direita nem para a esquerda, foi para o limbo, vai legitimar, já, com estas eleições internas, a sua cisão.
O futuro próximo pode bem contar com dois PSs e dois PSDs, e assim arrastar Portugal para uma italianização com eleições a serem ganhas por coligações, com tudo o que de instável tal comporta. É assim, que os medíocres ganham, levantando muita poeira para não se ver que nada sabem fazer. Legitimamente, continuaremos a adiar a forma de acertar o passo com a Europa.
Inevitavelmente, amanhã, os nossos filhos e herdeiros, dirão que a culpa é nossa. Mas nós, vivaços e sabidos, pegaremos nalguns textos do Eça do séc.XIX, e num encolher de ombros sem vergonha, diremos que Portugal foi e será sempre assim. Depois, voltamo-nos para o outro lado, e caímos no sono dos justos.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
O sucesso
Por um lado
Hoje só se vai falar do desenlace Mourinho - Abramovitch. Nesta lusitânia, acho que os lusos vão mudar a agulha: de torcer para que o Chelsea ganhasse, passa-se torcer para que o Chelsea seja perdedor. É como uma vingança grátis, fácil, ao nosso alcance, tal como se joga no euromilhões. Para que ninguém tenha dúvidas de que o José Mourinho é um grande treinador, para que o dono da equipa morda os lábios de arrependimento, o Chelsea, pela vontade lusa, já tem os dias contados na primeira liga.
Por outro lado
Passo a vida a encontrar e a tropeçar em lusos que manifestam inveja perante o sucesso alheio. Normalmente, são medíocres cuja felicidade só chega no comboio que transporta as fatalidades, os desaires, os contratempos que irão ao encontro dos bem sucedidos. Puxar para baixo, nivelar por baixo é o lema.
Então
Será que o futebol ( eu não disse desporto ) é uma excepção ao comportamento atávico dos lusos? Parece que sim, o futebol extasia sem ecstasy, e quando um luso ganha fora da sua gália, somos todos que ganhamos. Totalmente diferente de um luso ter sucesso no trabalho, na família, na sociedade. Principalmente se for colega ou vizinho... Aí há que desancá-lo, ou ele julga-se mais do que eu?!!
Hoje só se vai falar do desenlace Mourinho - Abramovitch. Nesta lusitânia, acho que os lusos vão mudar a agulha: de torcer para que o Chelsea ganhasse, passa-se torcer para que o Chelsea seja perdedor. É como uma vingança grátis, fácil, ao nosso alcance, tal como se joga no euromilhões. Para que ninguém tenha dúvidas de que o José Mourinho é um grande treinador, para que o dono da equipa morda os lábios de arrependimento, o Chelsea, pela vontade lusa, já tem os dias contados na primeira liga.
Por outro lado
Passo a vida a encontrar e a tropeçar em lusos que manifestam inveja perante o sucesso alheio. Normalmente, são medíocres cuja felicidade só chega no comboio que transporta as fatalidades, os desaires, os contratempos que irão ao encontro dos bem sucedidos. Puxar para baixo, nivelar por baixo é o lema.
Então
Será que o futebol ( eu não disse desporto ) é uma excepção ao comportamento atávico dos lusos? Parece que sim, o futebol extasia sem ecstasy, e quando um luso ganha fora da sua gália, somos todos que ganhamos. Totalmente diferente de um luso ter sucesso no trabalho, na família, na sociedade. Principalmente se for colega ou vizinho... Aí há que desancá-lo, ou ele julga-se mais do que eu?!!
quinta-feira, 19 de julho de 2007
Banqueiros e Bancários
O Millenium bcp anda nas bocas do mundo. E sabemos que estas são as bocas menos próprias para o que quer que seja. Numa generalização bancária, os banqueiros de Portugal lá se vão enxovalhando, causando incómodo ético em quem seria incapaz de se envolver num processo tão rasteiro quanto comum.
O BESI anda num sufoco para se colocar em bicos dos pés no panorama da banca de investimento. Chovem anúncios, entrevistas, promessas de descobrir o Brasil em 2007, de conquistar a Espanha um destes dias... Oxalá consigam, mas entretanto, discretamento, como deve ser apanágio de um banqueiro, o Caixa BI lá publicou uns anúncios divulgando que a bíblia financeira Euromoney o considerou Best Investment Bank in Portugal. Percebe-se aquele sufoco.
Enfim, banqueiro que atira pedras a bancário deixa de o ser, tal como bancário que riposta da mesma forma nunca será banqueiro.
O BESI anda num sufoco para se colocar em bicos dos pés no panorama da banca de investimento. Chovem anúncios, entrevistas, promessas de descobrir o Brasil em 2007, de conquistar a Espanha um destes dias... Oxalá consigam, mas entretanto, discretamento, como deve ser apanágio de um banqueiro, o Caixa BI lá publicou uns anúncios divulgando que a bíblia financeira Euromoney o considerou Best Investment Bank in Portugal. Percebe-se aquele sufoco.
Enfim, banqueiro que atira pedras a bancário deixa de o ser, tal como bancário que riposta da mesma forma nunca será banqueiro.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
P de Proust de Perfil
Arranjei hoje tempo para o meu perfil... com a ajuda de Marcel. Seria injusto não o fazer. No mínimo servirá para que eu o revisite de quando em vez, ou de vez em quando, dependendo do espírito menos ou mais pressionado, respectivamente ( uso "pressionado" por ser mais exacto do que "stressado", pois a língua portuguesa é infinitamente mais rica do que a inglesa, principalmente na vertente intimista )
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Vinho, wine, vin... Fin
A Bruxelocracia prepara-se para impôr uma medida, no âmbito da reforma da Organização Comum do Mercado do Vinho, e que, por acaso, até é capaz de fazer sentido: Portugal terá de arrancar, até 2013, qualquer coisa estimada em cerca de 7% da sua vinha, ou seja 17 mil hectares a troco de uma indemnização de 7 mil euros por ha, e do fim aos subsídios à destilação da sub-produção europeia. O executivo comunitário deixa ao nosso Governo a capacidade de distribuir as quotas de abate pelas regiões.
A intenção parece ser a melhor reacção à quebra de consumo aliando uma tentativa de limitar a invasão que a Europa tem vindo a sofrer de vinhos de qualidade razoável a preços de combate.
Tenho algumas dúvidas sobre a total eficácia da medida, pois continuo a acreditar que a chave para abrir e arejar os armários de qualquer descontentamento está em elevar a fasquia da qualidade. Neste caso particular está em incrementar a qualidade média do vinho europeu, e tentar empurrar o vinho "estrangeiro" para um patamar associado a uma menor qualidade.
O que impede então? Mais uma vez a resposta vem do travão cultural que nos exaspera a paciência. Cabe, por isso, perguntar: Qual será a sensibilidade dos nossos produtores?
A intenção parece ser a melhor reacção à quebra de consumo aliando uma tentativa de limitar a invasão que a Europa tem vindo a sofrer de vinhos de qualidade razoável a preços de combate.
Tenho algumas dúvidas sobre a total eficácia da medida, pois continuo a acreditar que a chave para abrir e arejar os armários de qualquer descontentamento está em elevar a fasquia da qualidade. Neste caso particular está em incrementar a qualidade média do vinho europeu, e tentar empurrar o vinho "estrangeiro" para um patamar associado a uma menor qualidade.
O que impede então? Mais uma vez a resposta vem do travão cultural que nos exaspera a paciência. Cabe, por isso, perguntar: Qual será a sensibilidade dos nossos produtores?
terça-feira, 3 de julho de 2007
De 25 de Julho a 28 de Agosto, na colina verde
Die Aufführung "Das Rheingold" beginnt um 18 Uhr (keine Pause), die übrigen öffentlichen Aufführungen um 16 Uhr. *Geschlossene Vorstellungen Vorstellungen "Walküre" am 05. und "Meistersinger" am 19. August 2007 beginnen um 15 Uhr.
Bayreuth
25.07.2007 (Mi.)Meistersinger I
26.07.2007 (Do.)Tannnhäuser I
27.07.2007 (Fr.)Rheingold I
28.07.2007 (Sa.)Walküre I
30.07.2007 (Mo.)Siegfried I
01.08.2007 (Mi.)Götterdämmerung I
02.08.2007 (Do.)Parsifal I
03.08.2007 (Fr.)Tannhäuser II
04.08.2007 (Sa.)Meistersinger II
05.08.2007 (So.)Walküre *
06.08.2007 (Mo.)Parsifal II
07.08.2007 (Di.)Tannhäuser III
08.08.2007 (Mi.)Meistersinger III
09.08.2007 (Do.)Rheingold II
10.08.2007 (Fr.)Walküre II
12.08.2007 (So.)Siegfried II
13.08.2007 (Mo.)Parsifal III
14.08.2007 (Di.)Götterdämmerung II
15.08.2007 (Mi.)Tannhäuser IV
16.08.2007 (Do.)Meistersinger IV
18.08.2007 (Sa.)Tannhäuser V
19.08.2007 (So.)Meistersinger V *
20.08.2007 (Mo.)Rheingold III
21.08.2007 (Di.)Walküre III
22.08.2007 (Mi.)Parsifal IV
23.08.2007 (Do.)Siegfried III
25.08.2007 (Sa.)Götterdämmerung III
26.08.2007 (So.)Parsifal V
27.08.2007 (Mo.)Tannhäuser VI
28.08.2007 (Di.)Meistersinger VI
Bayreuth
25.07.2007 (Mi.)Meistersinger I
26.07.2007 (Do.)Tannnhäuser I
27.07.2007 (Fr.)Rheingold I
28.07.2007 (Sa.)Walküre I
30.07.2007 (Mo.)Siegfried I
01.08.2007 (Mi.)Götterdämmerung I
02.08.2007 (Do.)Parsifal I
03.08.2007 (Fr.)Tannhäuser II
04.08.2007 (Sa.)Meistersinger II
05.08.2007 (So.)Walküre *
06.08.2007 (Mo.)Parsifal II
07.08.2007 (Di.)Tannhäuser III
08.08.2007 (Mi.)Meistersinger III
09.08.2007 (Do.)Rheingold II
10.08.2007 (Fr.)Walküre II
12.08.2007 (So.)Siegfried II
13.08.2007 (Mo.)Parsifal III
14.08.2007 (Di.)Götterdämmerung II
15.08.2007 (Mi.)Tannhäuser IV
16.08.2007 (Do.)Meistersinger IV
18.08.2007 (Sa.)Tannhäuser V
19.08.2007 (So.)Meistersinger V *
20.08.2007 (Mo.)Rheingold III
21.08.2007 (Di.)Walküre III
22.08.2007 (Mi.)Parsifal IV
23.08.2007 (Do.)Siegfried III
25.08.2007 (Sa.)Götterdämmerung III
26.08.2007 (So.)Parsifal V
27.08.2007 (Mo.)Tannhäuser VI
28.08.2007 (Di.)Meistersinger VI
sábado, 30 de junho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
O baptismo do blog
Por brincadeira, ontem, referi em família que tinha criado um blog com fantástica simplicidade. Em coro: E, que nome? Pois,... Viver em vida. Apupos e suaves assobios receberam aquelas três palavrinhas, de imediato e sumariamente julgadas como pouco dignas e nada nobres, condenadas a serem pobres de espírito. Viver em vida, é isso então, almas distraídas?
Explicar, justificar? Hoje, não! Sempre o tempo a mandar em mim e... na vida ( claro que estou a sorrir ).
Explicar, justificar? Hoje, não! Sempre o tempo a mandar em mim e... na vida ( claro que estou a sorrir ).
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Atrasado
Atrasado! Que título, que maneira de começar a escrever num blog criado há segundos! Porque afinal é fácil criar um blog. Criado, sabendo antecipadamente, escassar o tempo para o visitar com a frequência desejada.
Atarsado! Porque o Second Life está a ser e quase já era...
Atrasado! Para condizer com o mundo.
Votos: Hei-de tentar recuperar os atrasos com que a vida se enche.
Lema: Tentar Viver a Vida em Vida.
Conteúdos: o tempo dirá.
Atarsado! Porque o Second Life está a ser e quase já era...
Atrasado! Para condizer com o mundo.
Votos: Hei-de tentar recuperar os atrasos com que a vida se enche.
Lema: Tentar Viver a Vida em Vida.
Conteúdos: o tempo dirá.
Subscrever:
Mensagens (Atom)