As
Lágrimas
As minhas lágrimas
também são salgadas
E temperam-me cada
vez que aparecemProvocadas pelo arrepiar da carne
Perante o encontro do espírito.
As minhas lágrimas
escorregam
Para dentro das
cavernas profundasOnde encontro o meu ser
Brincando com o teu.
As minhas lágrimas
fecundam
O deserto em que
passeioDando vida ao camaleão
Que atravessa
Anónimo
Os pensamentos alheios.
A
Estátua
Vejo-te em
qualquer museu.
Incompleta
todavia,Pois, enquanto houver artistas
Ao longo dos tempos,
Nunca serás estátua acabada.
Vejo-te em
qualquer museu
E procuro
insinuar-me na Razão,Perigosamente abanando a Vontade
Assente nos alicerces altruístas,
Plantados no chão egoísta.
Vejo-te em
qualquer museu,
Deixando-me
conduzir pelo prazerDe te comparar.
Quantas estátuas vestidas de seda
Murmuram a sua infelicidade
No falso consolo dos beijos frios!
E tu, estátua de mármore branco,
Derretendo-se, na felicidade luxuosa
De possuir alma.
Irradiando o calor que me atrai
A qualquer museu.
Basquiat, dustheads
Sem comentários:
Enviar um comentário