Andorinhas
Voo interminável,
Repouso tardio.
Figuras esguias,
Desenhos subtis,Moradas vitalícias.
Aninham-se no teu
beiral,
Alimentam-se no
teu quintal,Dão-te o seu chilrear.
Conversam comigo,
Falam-me de ti,Prometem velar por ti.
Oh, andorinhas,
Vão e voltem,Façam do meu Amor um ninho.
A
Torre do Mal
Avisa sem piedade
Da proximidade ruim.
O frio cortante
Não se derrete no calor
E ambos me envolvem.
O desconforto
faz-me transpirar,
Os meus queixos
tremem,As pernas recusam-se a andar.
O Mal vive naquela
Torre
Dizem que não pode
ser destruído,Mas tenho de o enfrentar.
Bato com convicção
à porta
Que se abre
ruidosamente,E entro vacilante mas barulhento.
A única abertura
da Torre
Fecha-se atrás de
mim,Deixando-me no breu total.
Nada se mexe,
Nada se ouve,Nada se cheira.
Ah! este nada é o
Mal,
Que me envolve e
persegueE não me deixa ver para onde vou.
Grito e invoco a
luz,
Oiço um eco
ridículo,
E subo degraus sem
fim.
Paro, não de
cansaço,
Mas para lembrar-me
quem souE medito sem olhar ao tempo.
Vagarosamente,
descontraio-me,
Volto a conhecer o
corpo como meu,Cheira bem, a natureza expressa-se.
Mexo-me, levanto a
cabeça,
Sinto a brisa do
marAtravessar o silêncio da montanha.
Espreguiço-me e
sinto-me cheio de energia
Abro os olhos e
não paro de rir:A Torre do Mal desapareceu.
Damien Hirst, beautiful helios
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