quarta-feira, 26 de setembro de 2007

O insucesso

Vamo-nos divorciando da política, obviamente por culpa nossa, pois passamos a nossa geração - e a geração passa tão depressa e deixa tantas mazelas para a próxima... - a votar sem exigir que a mediocridade desapareça. Como o demonstra o mais recente episódio da política bufa: as eleições no PSD.
Com a chegada do PS ao poder, muitos votantes do PSD viram implantadas, ou em vias de, linhas de pensamento e respectivas actuações que eram... suas. Resultado, o PS deu um encontrão ao PSD, sem pedir licença mas com legitimidade democrática, ocupando grande parte do seu espaço ideológico, e deixando boa parte do PS como quem acorda de uma ressaca sem saber onde está, ou o que está afazer ali. Esta parte do PS tentou uma cisão, com Alegria, mas faltou arrojo. Talvez o arrojo venha, nas próximas legislativas. Ao contrário, o PSD, sem espaço, pois o empurrão não foi nem para a direita nem para a esquerda, foi para o limbo, vai legitimar, já, com estas eleições internas, a sua cisão.
O futuro próximo pode bem contar com dois PSs e dois PSDs, e assim arrastar Portugal para uma italianização com eleições a serem ganhas por coligações, com tudo o que de instável tal comporta. É assim, que os medíocres ganham, levantando muita poeira para não se ver que nada sabem fazer. Legitimamente, continuaremos a adiar a forma de acertar o passo com a Europa.
Inevitavelmente, amanhã, os nossos filhos e herdeiros, dirão que a culpa é nossa. Mas nós, vivaços e sabidos, pegaremos nalguns textos do Eça do séc.XIX, e num encolher de ombros sem vergonha, diremos que Portugal foi e será sempre assim. Depois, voltamo-nos para o outro lado, e caímos no sono dos justos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O sucesso

Por um lado
Hoje só se vai falar do desenlace Mourinho - Abramovitch. Nesta lusitânia, acho que os lusos vão mudar a agulha: de torcer para que o Chelsea ganhasse, passa-se torcer para que o Chelsea seja perdedor. É como uma vingança grátis, fácil, ao nosso alcance, tal como se joga no euromilhões. Para que ninguém tenha dúvidas de que o José Mourinho é um grande treinador, para que o dono da equipa morda os lábios de arrependimento, o Chelsea, pela vontade lusa, já tem os dias contados na primeira liga.
Por outro lado
Passo a vida a encontrar e a tropeçar em lusos que manifestam inveja perante o sucesso alheio. Normalmente, são medíocres cuja felicidade só chega no comboio que transporta as fatalidades, os desaires, os contratempos que irão ao encontro dos bem sucedidos. Puxar para baixo, nivelar por baixo é o lema.
Então
Será que o futebol ( eu não disse desporto ) é uma excepção ao comportamento atávico dos lusos? Parece que sim, o futebol extasia sem ecstasy, e quando um luso ganha fora da sua gália, somos todos que ganhamos. Totalmente diferente de um luso ter sucesso no trabalho, na família, na sociedade. Principalmente se for colega ou vizinho... Aí há que desancá-lo, ou ele julga-se mais do que eu?!!