sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Imortalidade




É verdade que o Homem está a progredir mais rapidamente na exploração científica. Nota-se um caminho que vai ganhando forma: a inteligência artificial. Aquilo que começou por ser uma forma de criar máquinas que ajudassem o Homem nas tarefas repetitivas, tem vindo a dar lugar ao conceito de super-homem. Está pois, perto o passo para se pensar na imortalidade. E depois?

Como lá chegar?

Começámos com as máquinas que fazem tarefas simples, que jogam connosco, que estabelecem uma conversa, que nos superam na perfeição do raciocínio lógico. Paralelamente, já temos órgãos artificiais que casam na perfeição com o resto do organismo. Para fechar o círculo, estamos a aventurar-nos na compreensão do cérebro, no estudo dos estímulos. Já temos partes mecânicas do corpo - braços, pernas - que obedecem à vontade, ou seja, já conhecemos o seu circuito de estímulos cerebrais para as dominar.
O cérebro é todavia, a parte mais desconhecida do nosso corpo. Por isso, criar máquinas à nossa semelhança, mais tarde ou mais cedo, vai provocar o avanço no conhecimento. O perigo está em criar máquinas que superam o criador e o possam controlar ou, no mínimo, capazes de impedir serem controladas pelo criador.

Com a capacidade de criar todas as partes do corpo humano, e ir substituindo as que vão falhando por novas, teremos o Homem com uma vida cada vez mais prolongada, até à eternidade.

O que irá distinguir depois o Homem da Máquina? Bom, isto não irá acontecer a todos os Homens, da mesma forma e ao mesmo tempo. Perfila-se então uma nova raça - os primeiros Híbridos - que irão comandar o resto da população. Racionalmente, procurarão assegurar o equilíbrio do ecossistema. Ou cortam o crescimento populacional - a bem ou a mal. Ou procurarão outros planetas para exportar os excedentes.

Assim escrito, de rompante, isto parece utópico. Mas não é ficção científica! É o caminho que a Ciência está a percorrer. O meu lado optimista quer acreditar que os valores humanistas prevalecerão. O meu lado pessimista escolheu este quadro.



Karel Appel, bataillhe des animaux