sexta-feira, 9 de setembro de 2016

O incêndio que falta



O país continua a arder, num consumo letal que desafia as probabilidades mais pessimistas, representando este ano mais de metade da área europeia ardida.
Não bastava a destruição rural com tudo o que acarreta de prejuízos humanos e económicos (bio-agricultura, floresta e turismo), esta semana, chegou ao Algarve, sinalizando ainda mais a destruição do balão de oxigénio chamado turismo.
Alheios a este país real, os nossos políticos só falam do país do faz-de-conta e que há-de ser, discutindo as grandes políticas que irão reduzir o défice ou disciplinar com comissões parlamentares de inquérito os comportamentos abusivos a que se tem fechado os olhos. Temas importantes sem dúvida, mas... e os incêndios? E o calor que promete subir de ano para ano? O que fazer que já devia ter sido feito? O que está mal e deve ser emendado? Como auxiliar os despojados, a bio-agricultura, o turismo, de forma responsável e sustentada? Porque as consequências são devastadoras. Basta olhar para um futuro extrapolado do país queimado, para as bolsas agrícolas destruídas, para os pastos que condenam os animais à inexistência, para uma economia com a fatal e crescente dependência da importção, para o desespero dos aflitos, para o turismo que se afasta sem nada de digno para ver.
Estas seriam as discussões estruturantes que deveriam ter incendiado o Parlamento e o quase silêncio diz tudo sobre os eleitos que lá estão.
Nunca é demasiado tarde, mas já é tão tarde.




W.Turner, The burning of the Houses of Parliament