quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Este país não é para


Velhos? pois constata-se, directa ou indirectamente, que o país não criou as condições para um fim de vida com dignidade. Casas de saúde, lares, hospitais, tanto faz. Por serem caros. Por serem deprimentes. Por serem obrigados a controlar os custos, e não poderem prestar um cuidado continuado. Por muitas outras razões, muitas vezes cumulativas, porque caro não é sinónimo de melhor, mas sim de vaga para admissão. Os velhos vão continuar a cair desamparados, pois nem a família tem condições para abdicar das suas próprias restrições em prol de uma maior disponibilidade de tempo e recursos.

Solução? O país está cada vez mais pobre. De ideias, de projectos e de recursos destinados à sustentabilidade social. Com um país que não cria as condições para produzir mais a caminho da autosuficiência, o fracasso dos políticos tem de ser penalizado à boca das urnas. Os políticos são donas de casa sem cabeça. Não sabem gerir uma casa, uma empresa, quanto mais um país. Pior, muitos nem espinha dorsal têm, e nós deixamo-nos governar por estes deficientes e incompetentes. Que abundam em qualquer partido.

Este país não é para velhos.


Meia-idade? Os que têm trabalho, trabalham com horários desnecessariamente prolongados. Porque são mal geridos, porque gerem mal o seu tempo. Em consequência, não lhes sobra tempo para ter vida própria. No sentido de se enriquecerem social e culturalmente. Porque lhes falta uma cultura de base e entraram no ciclo vicioso da ignorância que gera incompetência que gera ignorância.

Solução? Programas políticos que dêem prioridade aos investimentos na educação, na formação. Que tornem os cidadãos mais responsáveis, mais esclarecidos. Socialmente adultos. Claro que os entraves vêm da própria classe política agarrada ao poder que a obscuridade dos eleitores lhes proporciona. Falta uma cultura de responsabilização, de erradicação da mediocridade, de valorização do empreendedorismo.

Este país não é para a meia-idade.


Jovens? Ensino deficiente gera um produto ineficiente. Pior, um produto aprovado pelo controlo de qualidade. A falta de estruturas sociais que cedo atraiam os jovens para a vida comunitária. Gasta-se dinheiro num ensino comprovadamente medíocre e os jovens chegam a um mercado de trabalho de portas fechadas, sem cultura de empreendedorismo para lhes dar alternativas sólidas de evolução.

Solução? Tudo parte de apostar na educação. Sem me repetir, quntas gerações mais serão precisas até se mudar este estado de coisas. Até lá, empurra-se a juventude para a emigração. Claro que serão os mais válidos que passam a fronteira e conseguem evoluir em sociedades onde reconhecem a diferença que as separa da nossa. E não voltam. E o país fica assim com os menos válidos, os mal preparados, os que não foram estudar para as boas universidades estrangeiras onde se ensina o valor do mérito. Fica com aqueles que irão perpetuar, na melhor das hipóteses, atenuar as condições que fazem com que este país não seja para velhos, para a meia-idade, para jovens.
E assim vamos dançando ao som de música roufenha. E fechados na nossa caverna, de costas para a luz, julgamos que o mundo só é composto pelas nossas apagadas sombras.
Poussin, dance to the music of time