quarta-feira, 20 de abril de 2011

7.000.000.000




A Terra gira com 7 biliões de humanos às costas. A tendência continua, por incrível que pareça, a ser uma inconsciente caminhada suicida de crescimento populacional. Não nas zonas mais desenvolvidas, onde a idade média tem vindo a aumentar, mas sim nas zonas menos desenvolvidas.




Que fazer deste planeta tão estragado? Escrevo numa das zonas onde se vêem pessoas cada vez mais velhas, onde a juventude vai rareando, sem vontade ou estabilidade para procriar.




Vejo um mundo cada vez mais urbano, mais consumista, com uma única hipótese de se alimentar: quimicamente.




Vejo um mundo cada vez mais egocentrado, onde a sustentabilidade incomoda, onde a visão do amanhã é escorraçada do pensamento pelos "sound bytes" da moda. Vejo o homem indiferente a projectos de cidadania e a mecanizar-se progressivamente..




Há 40 anos Yuri Gagarin, afastou-se o suficiente da Terra para dizer: é azul. Pois, o Mar. Pois, este planeta azul, há 40 anos tinha metade da população. Metade das bocas para alimentar, num conjunto mais rural e menos poluente.




Hoje, a Terra não está a ficar verde azulada de vida saudável, está a ficar cinzenta amarelada de sobrevivência doentia. E exausta de arrastar tantos robôs.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Mar, um desígnio e uma marca


O Mar e a Terra são os únicos desígnios para o lançamento do crescimento da economia portuguesa. Vivemos uma pirâmide produtiva invertida, tendo no topo uns Serviços sem competitividade, no meio uma Agricultura envergonhada e na base um Mar quase seco.


Quando conseguirmos inverter esta pirâmide, dando-lhe uma base assente na economia do Mar, seguida pelo natural suporte da economia da Terra e terminando na prestação de serviços de elevado valor acrescentado, poderemos dizer que foi alcançado um patamar de excelência na formação do nosso PIB e com um pulsar de crescimento que permita a Portugal respirar e retomar o seu lugar de relevo no mapa mundial.


Interessa começar pela base da pirâmide, sem ignorar o muito que se pode fazer com a terra e em terra. O Mar é o nosso factor de diferenciação pela positiva transformável numa mais-valia sem limites.

O Mar! O Mar representa hoje cerca de 6% do PIB. Mesmo depois de lhe termos voltado as costas. Mesmo depois de termos liquidado a frota pesqueira e os armadores comerciais.

Com a extensão de costa que naturalmente temos, e com a recente extensão da plataforma marítima atribuída a Portugal, será mesmo estupidez não voltarmos a abraçar o Mar, a retirar dele alimento, energia renovável, água, recreio náutico, turismo e desenvolvimento biológico e químico para a humanidade.

O nosso território marítimo é quase 20 vezes superior ao terrestre. O desenvolvimento dos nossos portos tirar-nos-ia da nossa periferia, oferecendo plataformas logísticas entre o Norte e o sul da Europa e para cruzamento de rotas intercontinentais. Volto à estratégia, disciplina fundamental para que tudo nasça direito, nada deixando ao acaso. Precisa-se de um projecto estratégico para o Mar. Precisa-se de abraçar esta visão e criar as condições políticas para devolver o Mar a Portugal. É um desígnio de Estado, que qualquer governo deve abraçar sem reticências. Com os olhos postos nos mercados internacionais. Coordenando estratégias para os diversos portos, focando a logística e os transportes marítimos. Incentivando o reaparecimento de armadores. Relançando a construção e reparação naval. Promovendo a náutica de recreio. Incentivando a criação de quintas marinhas e promovendo internacionalmente os seus produtos. Incentivando a indústria de pescado e promovendo os seus canais de escoação. Incentivando a investigação biológica e química, retendo no país a melhor massa cinzenta. Incentivando a exploração energética. O desenvolvimento bem sucedido de uma estratégia virada para o Mar, permitir-nos-ia certamente alargar a plataforma territorial marítima. E não existem razões para duvidar do sucesso. Temos uma tradição histórica de gente virada para o mar com sucesso. Há que devolver a essa gente o conhecimento da importância do Mar. Ensinando nas escolas que o Mar está no ADN português. Sonho com um Portugal digno, feliz e sustentável.


Rob Gonsalves, In search of sea

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vergonha



Nunca é demais bater nesta tecla. Se temos tido governos incompetentes e políticos da mesma cepa, a culpa é nossa, cidadãos tolerantes ou votantes.

Vejo duas vias para ultrapassar este preocupante estado de coisas: uma, a forte aposta na educação e na moralização do sistema judicial; a outra, que até deve ser cumulativa, uma revisão constitucional que retire impunidade a quem não sabe governar bem.

Enquanto não for feita uma revisão constitucional que obrigue os políticos governantes, seja qual for a estrutura, desde a presidência da república ao presidente da junta de freguesia, a prestar contas sobre o cumprimento das promessas eleitorais, não iremos a lado nenhum. Prestar contas perante estruturas de fiscalização compostas por pessoas nomeadas fora das listas partidárias (sob supervisão dos Conselheiros de Estado, por exemplo). E em caso de juízo negativo, serem accionados mecanismos de punição, desde a prisão até à simples proibição de exercício de cargos públicos.

Enquanto este Portugal não voltar a ter orgulho em si e nos seus filhos, só me resta ter vergonha de não conseguir mudar o estado da Nação.