quinta-feira, 26 de julho de 2018

Ontem, o Azul na colina verde





Nem de propósito, o Azul de que falei há dias, voltou ontem a Bayreuth. Uma encenação de compromisso entre o conservadorismo e o progressismo, em que conservador é o que guarda valor numa tradição imutável, e o progressista é o que aplica uma nova leitura da obra, recusando o imobilismo.
O Azul dominou toda a versão, transportando-me para dentro dos quadros de van Gogh, de uma beleza triste, escura nas trevas de uma idade qualquer. Tudo se resolve no final: Lohengrin despe as vestes de um electricista que trouxe luz a uma sociedade obscura, sem rumo. E veste o traje da hipocrisia na noite de núpcias, retirando a Bíblia das mãos de Elsa, acorrentando-a com cabos eléctricos. O representante do Graal mais se assemelha a um Merlin. E no fim, a bruxa sobrevive, com Elsa, repudiando as exigências irrealistas enquanto o resto daquela sociedade decrépita morre. Fica a esperança. Nas mulheres.
Diz-me Azul Azul, haverá Azul mais bonito que o meu...


van Gogh, noite estrelada

segunda-feira, 23 de julho de 2018

O Azul, sempre


Não vou definir o que é o Azul. Regressei há pouco da experiência dos Wagner Days de Adam Fischer. Com o Tristão senti-me Azul, com o Holandês fiquei azul. Na semana passada foi o Parsifal como Audi o vê - fiquei azulinho - e como Petrenko o sente - fiquei Azul. E aqui, com uma só obra, coexiste o azul de alguma raiva e o Azul de algum êxtase.

Este tema azul, é só uma desculpa para vir aqui, de relance.



Zao Wou-Ki, 22.1.68