sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A origem da origem


Confesso que hesitei em abordar o tema. O da proibição - em Fev de 2009 AD, em Braga, Portugal - de uns livros com a capa de um ventre feminino nu, expondo o sexo. É que detesto a hipocrisia. A vida é tão curta para a desperdiçarmos com os hipócritas, mas eles fazem parte dos medíocres que têm poder. Por isso, aqui fica a reprodução da capa, a indignação perante a ocorrência, a perplexidade por haver quem ache normal, etc. Não quero tecer mais comentários pois vejo os oportunistas da oposição, reforçarem a sua hipocrisia, condenando o mesmo acto, mas na mira do dividendo político. Calo-me para não ser confundido.
Apelo apenas a que se busque a origem da acção. Mas temo que a origem salte de origem em origem até chegar à Origem do Mundo, precisamente o nome do quadro que Courbet pintou em 1866, usando meio metro de tela, e que saltou para capa do tal livro.
Apelo a que seja detectada a origem da estupidez e tenha a mesma cobertura nos telejornais que este caso teve. E que alguém sublinhe o enorme défice cultural que ainda se verifica em Fev 2009 AD, por todo o lado, aquém e além fronteiras.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O dragão


Penso que todos guardamos um ou outro esqueleto no nosso armário privativo. Daí não vem grande mal ao mundo. Só temos de nos preocupar com a nossa capacidade de resposta e reacção, quando os esqueletos abanam, rasgam as teias de aranha e se aproximam perigosamente do nosso íntimo. Quão frágil ele é, eis a questão. Também esta, é uma questão de ser ou não ser.

Lembrei-me dos esqueletos, a propósito de uns quantos espantalhos que começam a sobressair do descampado em momentos de confirmada crise económica, e por isso, social. Daqueles que se aproveitam das fragilidades alheias para sugarem tudo o que podem, dinheiro, quase exclusivamente. E existem tantos espantalhos! mais que esqueletos seguramente. Outros espantalhos há, que sugam a dignidade, como se precisassem desesperadamente de rebaixar aqueles de quem se sentem inferiores. Outros ainda que parasitam o ano todo, e quando lhes cheira a crise, tentam esventrar o hóspede, numa derradeira tentativa de sugar tudo de uma vez só.

Por vezes sinto-me como aquele quadro de Durer, S.Miguel defendendo-se do dragão. No que parece uma defesa inglória, quando cada escama do dragão é um espantalho.

Estou a pensar soltar os esqueletos e deixá-los a lutar com os espantalhos. Que eu vou à fava, enquanto a ervilha enche.