segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Quanto valem os artistas vivos


Este quadro de Hockney foi vendido há dias por 90 milhões de dólares, estabelecendo o valor mais alto pago por uma obra de um artista vivo. Afinal os vivos ainda valem alguma coisa!
Numa perspectiva mais alargada, porque não equacionar as mais ou menos drásticas mudanças de paradigma nas situações até aqui aceites sem polémica... Vivemos numa sociedade capitalista com avanços e recuos no establishment sociológico. E começamos a ouvir - por dentro deste capitalismo - vozes que o colocam em causa. Desde os movimentos ecológicos até às novas formas de organizar os núcleos populacionais, sejam cidades grandes ou terriolas. Desde a indiferença eleitoral até aos recentes movimentos populistas. Desde os crescentes lucros das empresas, até então globalmente aceites, até à defesa de que esses lucros terão de reverter em boa parte para o benefício da sociedade. Vemos uma forma de estar no capitalismo totalmente diferente da que tem existido e sido amplamente aceite.
Aproxima-se uma nova ver de viver, uma transformação do capitalismo tal como o conhecemos até agora. O capitalismo vai ter de ter um banho de socialismo.



Hockney, pool with two figures

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O triunfo da bisbilhotice



No século passado, Guy Debord descreveu a praga que percorre estes tempos de comunicação fácil, chamando-lhe a sociedade do espectáculo.
A primazia do entretenimento fácil, como anestesia do pensamento e congelação da criatividade. A bisbilhotice como única alimentação da vida. A promoção das fake news como justificação para um mundo em que todos estamos bem informados. Um triste espectáculo!
Esta cultura da ocultação da engrenagem dos poderes através da construção de comunidades amorfas, tem sido um sucesso recorrente para qualquer das correntes do poder, que assim fica liberto para o seu livre exercício. E na altura de plebiscitar, reforça-se o espectáculo.
Isto, a propósito das mais actualizadas correntes falantes, as tecnológicas, digitais, e até virtuais (!). No rescaldo da web summit, a alegria tecnológica do espectáculo em palco, não é mais que a cobertura do espectáculo de bastidores, feio, porque revelador da verdadeira natureza humana. A sofreguidão na busca de investidores para uma maioria de projectos que são uma forma de vida dos novos chicos espertos. Com a benção dos espectadores.


Vieira da Silva, Tours d´Armes