quarta-feira, 24 de outubro de 2018

turismo míope




Se Portugal esteve turisticamente na moda, porque não se aproveitou para renovar a oferta, que coloca o país no radar de um turismo poupadinho, de forma radical privilegiando o segmento que atrai o turismo de luxo? Miopismo político e empresarial.

Tal como os inúmeros violinos de Picasso, poderia Portugal ter ofertas para todos os segmentos. Faltaram violinistas com ambição e visão de futuro. Os erros pagam-se. Nomeadamente, quando um país é pobre de recursos alternativos.



Picasso, violon 1913 e 1915
 Bracque. La musicienne 1917

Sempre




A mente é um labirinto onde frequentemente nos perdemos, mas onde obrigatoriamente temos de nos encontrar sob pena de definharmos.
Vem esta constatação a propósito do bombardeamento de notícias que propagandeiam a alarvice, a obscenidade gratuita, o voyeurismo, e se assumem cada vez mais como estandartes de uma nova versão da indústria do entretenimento. As massas gostam, por isso produz-se mais e mais, nem interessa se o que se divulga é verdade, é uma verdade distorcida ou é uma mentira.
Mas somos humanos, caramba! Não podemos deixar que nos atolem a vontade na lama ébria. Atentos às suas mutações que nos pretendem enganar. Vigiemos a nossa mente, olhando de vez em quando para o passado, para ver se os valores que sempre defendemos ainda nos dizem alguma coisa.
Temos de nos erguer desta baixeza e repudiá-la. Enterrá-la no cemitério do esquecimento.

Gosto destas palavras, e aqui as posso aplicar, de Maya Angelou:

Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise.


Marc Chagall, Les portes du cimetière

terça-feira, 2 de outubro de 2018

O Turismo redescoberto



O turismo parece ter sido redescoberto em Portugal. E a ele se tecem loas.
Exageradamente, no mínimo. O turismo não passa de uma nova forma de colonização, obrigando o autóctone a canalizar a sua potencial produtividade para a obtenção de receitas na exploração desse filão, desse novo El Dorado. Ou seja, o residente vai-se tornando progressivamente dependente do turismo.
Tal como aconteceu noutras formas de colonização, o turismo em massa mata a cultura, banalizando a sua  exterioridade e impedindo a percepção da sua interioridade.
Um mal nunca vem só!
Hoje, o turismo povoa as cabeças de governantes e governados, com ilusões de progresso económico, mas que o é apenas - e de forma não generalizada - financeiro. E redutor, na medida em que trava a criatividade que - ela sim - conduz à produção de riqueza sustentável, ao progresso económico e social.

Associei turismo ao nosso Minho, às gentes minhotas, e lembrei-me deste quadro maravilhoso.


Sónia Delauney, Mercado no Minho