terça-feira, 25 de setembro de 2012

Um divórcio em coma

Nos últimos dias foi lavrado o divórcio entre a sociedade civil e a classe política. Em resultado da litigação, ambos ficaram em coma.
Se olharmos, por cima do ombro que seja, para a espuma dos dias, só vemos que o fio condutor da situação foi a incompetência da classe política, mas deixada à solta e sancionada pelos eleitores. O prevaricador foi alimentado pela vítima. E, normalmente, estes casamentos acabam em divórcio litigioso, com a libertação dos ódios da vítima. Mas a vítima tem der igualmente declarada culpada por negligência.
O enorme défice cultural de Portugal é o primeiro responsável pelo estado de coisas. Eleitores-formigas ignorantes votam às cegas em políticos-cigarras incompetentes.
Agora, divorciados e em coma, como trazê-los à vida?
Imaginemos lições administradas no soro que os mantém no limbo.
A necessária aculturação tem de acelerar o processo de recobro do comatoso.
A primeira aula tem de começar com perguntas que ponham o cérebro a trabalhar. Do tipo: Como foi possível Portugal chegar a este ponto?
Depois de algumas incursões pela História de Portugal, com alguma demora pelo período dos Descobrimentos e pela imediata delapidação da riqueza auferida na época, o doente-país pode ser ligeiramente sacudido com a inquietação sobre o seu estado futuro.
Com perguntas-choque, do tipo: Que podemos fazer para curar Portugal?
Neste ponto do recobro, há que fazer os comatosos imaginar uma classe política respeitada e uma sociedade civil esclarecida.
Estando ambos os comatosos infectados por indivíduos com uma evolução mental indetectável, há que exemplificar com ilustrações muito básicas. Do tipo: gerir um país é como gerir a sua casa; não pode gastar mais do que o que recebe com o que produz. E por aí fora, lição atrás de lição, até os comatosos intuírem que as crises não caem do céu, mas são provocadas ou alimentadas por eles próprios. E têm de ser eles a abrir caminho para o futuro responsável.
Aqui chegados, a sociedade civil, abrindo os olhos, terá de mudar o sistema eleitoral, por forma a impedir que os políticos chico-espertos deixem de ter o poder que hoje têm. Só, com um sistema eleitoral que responsabilize directamente os eleitos perante os eleitores, se poderá reconstruir a sociedade civil. Um sistema que permita a eleição da competência, em círculos locais, onde os candidatos não tenham que pertencer a listas partidárias. E a repercussão destas eleições em ondas que preencham os lugares do parlamento (menos de metade dos lugares de hoje, seriam o suficiente). E os governos assim formados e assim fiscalizados, deixariam de mentir aos eleitores e passariam a restaurar a confiança perdida.
Talvez voltasse a haver casamento...



Leonid Afermov - enigma nocturno

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O que nos está a acontecer (sem palavras)




Goya - Enterrem-nos e não digam nada