segunda-feira, 22 de agosto de 2016

A Colina Verde infestada





Castorf tem um problema com as mulheres: em todo o Anel todas as mulheres têm um comportamento sexual condenável. Mas este é o mal menor, e por aqui se vê toda a sua tentativa de chocar as sensibilidades. O homem quer provocar a audiência e consegue-o. Este é o seu objectivo na desconstrução da obra. O resultado é a distração que nos rouba a música e o texto. Motivos antagónicos ao texto, chegando a obrigar os intérpretes a acções que contradizem o texto. Deplorável.


Claro que Wagner exortou a criarem sobre a sua obra. Novas produções são sempre bem vindas. Umas bem sucedidas outras, como esta, um chorrilho de lugares comuns, de sexo gratuito e sem sentido. Provocador? Sim, o homem provoca a exasperação. No meio de algumas boas ideais, a sua ânsia de originalidade, remete o resultado final para os exageros sem contexto e até chega a ser retrógado.


Uma lástima que pouco tem de criativamente disruptivo e abunda em falta de imaginação para concretizar as poucas ondas de criatividade. Músicos e intérpretes mereciam muito mais. Como comemoração do bicentenário é um insulto aos devotos.


Podia dizer muito mais, mas fico alterado só de pensar nos estragos que me fez. Não pertenço à brigada das cavernas e florestas, mas a genialidade não passou por esta boçal produção. Fora com Castorf. Fiquei rouco de tanto vaiar a produção. Fiquei triste por ver a colina sagrada infestada. Aguardo a próxima produção.