sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Chorar

Não é que seja exactamente o contrário de rir, mas anda por perto. Excluindo quem chora a rir, vou concentrar-me naquelas almas que, ao invés de viverem, sobrevivem. Tropecei no blog de Godin e aqui vai excerto para meditar:
The single most important marketing decision most people make is also the one we spend precious little time on: where you work.
Think about this for a second. Your boss and your job determine not only what you do all day, but what you learn and who you interact with. Where you work is what you market. Work in a high stress place and you're likely to become a highly stressed person, and your interactions will display that. Work for a narcissist and you'll develop into someone who's good at shining a light on someone else, not into someone who can lead. Work for someone who plays the fads and you'll discover that instead of building a steadily improving brand, you're jumping from one thing to another, enduring layoffs in-between gold rushes. Work for a bully and be prepared to be bullied.

Dá vontade de chorar não dá? Simplesmente porque, a livre escolha de empregador e/ou emprego, choca furiosamente com várias condicionantes. Coisas de que não se quer abdicar. Por isso, há que pensar bem nas opções que se vão formulando. E ter a coragem de escolher, aceitando as consequências. Dá vontade de chorar, mas ri melhor quem ri por último. Caso contrário, corre-se o risco de levar a vida a chorar. Pior ainda, sem vontade de rir.

RIR

Rir! Diz a sabedoria popular que Rir é o melhor remédio. Sem mais. E se alguém perguntar "Remédio para quê?", esse alguém está mesmo doente. Doente de quê? Pois!... como costumava dizer a minha avó, que tanto gostava de falar. Pois!
Hoje vem uma notícia no Irish Times que reza assim:
A GOOD laugh will do just as much for your health as a mini-workout in the gym, a pioneer in the field of humour said yesterday.
US academic Dr Bill Fry told students at University College Cork that 20 seconds of intense laughter can double the heart rate for three to five minutes, a feat that would normally involve rigorous exercise.

According to Dr Fry, laughter may help ward off heart attacks by easing tension, stress and anger. It may also help prevent the circulatory sluggishness that leads to strokes, and lessen the discomfort of people suffering from cancer.
He has suggested that laughter may even help prevent cancer by relieving depression, an emotional state that may make people more susceptible to the disease.

A sabedoria popular de mãos dadas com a ciência. Esta, claro, sempre atrasada.
Convém não esquecer que, também se morre a rir. O que não deixa de ter a sua piada. E na placa funerária, em vez de RIP, porque não desenhar uma perninha no P? Pela saúde dos que cá ficam.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A blogosfera - um pequeno conto

Era uma vez... alguém que queria escrever para ganhar dinheiro. Com a mente em branco, não conseguia produzir ideias, não era capaz de alinhar raciocínios num todo coerente e as palavras não lhe saíam. Um dia, de braços caídos no precipício do desespero, teve, finalmente, uma ideia que achou brilhantemente exequível: visitar toda a blogosfera à procura das ideias dos outros. Porque não, das palavras dos outros. De facto, a blogosfera é um mundo sem fim de ideias, opiniões, prosas e poemas, com autores pouco ou nada identificados. De portas abertas, à espera que a visitem. Convite ao plágio descarado, pois a ocasião faz o ladrão. Alguém se importa?
Sim, mas... Mas, como pode algum blogger sentir-se roubado, se o simples facto de aceitar escrever neste open space implica aceitar as visitas de indesejáveis amigos do alheio, pouco ou nada identificados?
Não escrever o que lhe der na veia, implica inutilizar este meio tão prático de registar, arquivar, aliado ao gozo relativo de ver uma extensão de si na net, ou de ver alguém dar-se ao incómodo de comentar.
Era, então, uma vez... alguém que queria escrever para ganhar dinheiro. Um dia...

Alto! Mais não escrevo pois pode haver por aí algum escritor, a quem tenham roubado o computador com os seus textos sem backup, e que venha para aqui inspirar-se à minha custa.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O Anel... parte 3

Felizmente a mudança de direcção no TNSC não cancelou as duas últimas partes do Anel. Pelo terceiro ano consecutivo, esta encenação genial de Graham Vick marca presença no deserto operático de Lisboa. Ia escrever Portugal, mas tive um acesso de pudor. Porém, este ano, existe uma alternativa universal e grátis para ver e ouvir o Siegfried: no site saocarlos.pt, ensaio já hoje, a partir das 18.30. Transmissão final dia 12, 16h. A rtp2 há-de transmitir um destes dias, lá mais inverno dentro. Mas nada que pague a possibilidade de estar lá dentro, e sentirmo-nos parte de um evento histórico.

Heimat

Heimat é, para mim, o Filme. Ponto final. Vem este despropósito a propósito da evocação que alguém nesta blogosfera fez sobre Brel e a sua imortal súplica "ne me quitte pas...". Fico sempre lamecha, quando me sabem tocar. E lembrei-me do Heimat, que estou a rever há semanas e ainda só vou a meio. Trata-se de uma crónica de enganos e desenganos, de princípios e fins, de juventude e envelhecimento. A palavra Heimat não tem uma tradução exacta em português, mas significa algo como uma mistura de raízes, origens, terra natal. Para mim é o cantinho que conseguirmos encontrar para nos refugiarmos das tempestades da vida. A ele quereremos voltar sempre, seja qual for o motivo ou a desculpa. Em Heimat sentir-nos-emos sempre seguros e confiantes. Os valores que nos foram transmitidos estão todos lá. Em Heimat, nós somos nós. Por isso o "ne me quitte pas..." me fez lembrar o Heimat ( nem sempre físico ) onde me aninho para acreditar que "tudo vale a pena, se a alma não é pequena", e para sonhar com um Heimat físico, onde a realidade possa ser acariciada.

Brel viveu em vida

Logo pela manhã, uma notícia ajudou-me a despertar: Brel morreu há trinta anos. Um homem de latitudes intemporais, poeta de mãos dadas com o músico, interpretando-se como se a vida deixasse de ter sentido após as últimas notas de cada uma das suas canções. Quando a doença o matou, a mulher e os filhos não se opuseram a que o seu corpo regressasse àquela ilha da Polnésia Francesa, onde tentou viver em vida, sem as interferências da sociedade-espectáculo.
RIP

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Fundos de investimento ao fundo

Depois dos tiros nos porta-aviões financeiros, é legítima a suspeita de que hajam tiros invisíveis nos fundos de investimento. Estes instrumentos financeiros, apesar dos limites por categoria de risco que lhes possam ser inerentes, devem estar a albergar muito do lixo que intoxica os mercados. Como princípio de acalmia de mercado, terá pequenas virtudes, como qualquer empregada que varre o lixo para debaixo do tapete. A coisa fica mesmo feia quando os subscritores do produto vêem a desvalorização tomar forma. Mais uma vez, o supervisor financeiro deveria tomar medidas restritivas daqueles movimentos, mas parece que a fuga para a frente tomou conta das decisões. E, suspendam a norma contabilística de reconhecimento do justo valor. Ou explicitem o que deve ser considerado justo valor, por forma a que a regra seja válida tanto para tempos de euforia como de crise. Quem vier atrás que se cuide, pois poderá não haver luz para apagar.