sexta-feira, 13 de novembro de 2009

tindersticks


Pois o corpo foi-se, ficou a alma.
Mesmo assim, Staples continua a produzir boa música. Esta é a capa do disco que sairá no fim de janeiro. Acho-a linda. Só conheço ainda uma canção do disco. E não lhe faz justiça. Temos pena.
Os sticks sem Dickon perderam o corpo que pegava na alma criadora e a embelezava irresistivelmente. Ambos os mentores continuam a fazer música e boa, um fá-la sem corpo e outro sem alma. O mundo perdeu a genialidade da melhor banda de sempre.

Coincidências


E coincidências? existem mesmo? ou têm significado porque nada acontece por acaso? Há dias ouvi uma história de coincidências. Simples: dois amigos que pouco se falavam teriam pensado um no outro no mesmo dia e entraram em contacto. Mas um deles sonhara que o outro tinha morrido. E falaram nesse dia. Mera coincidência? Diz-se que este tipo de ocorrência é frequente em gémeos separados. Não sei o que lhes aconteceu, se passaram ou não a con(viver) mais. Que importância terão dado à coincidência? ou se se filiaram na vertente do "nada acontece por acaso"? Interessa mesmo? seriam gémeos sem saberem?

Lembrei-me deste episódio a propósito da peça que Eunice está a fazer no D.Maria. Chama-se "o ano do pensamento mágico". Gostei imenso do livro de Joan Didion, onde ela relata o sentimento de perda do marido. Ela e o marido seriam "gémeos" como no episódio relatado. Eu direi que eram Amigos e Cúmplices. É um livro que se lê com um nó na garganta, é uma peça de teatro que várias actrizes podem fazer. Não muitas, só as que sabem comunicar o sofrimento. Por cá, pode ser a Eunice, a melhor que temos. Mas nada mais comovente do que a interpretação entre a lucidez e a loucura que Vanessa Redgrave entregou em 2008 em Londres.
Senti urgência em reler Didion. E fui buscar esta fotografia italiana de Cartier-Bresson. Porque nela vejo a cumplicidade entrelaçada com a confiança. E imagino assim a Amizade entre dois seres. E não consigo imaginar como deve ser terrível a perda de um para o outro!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Referendos, para que vos quero?



Sabemos que as sociedades gregas e romanas eram permissivas na aceitação das ligações homossexuais. E de outras coisas que ainda hoje se condenam. Foi há milhares de anos. Depois veio o cristianismo e novos códigos de conduta para limpar os excessos do regime romano. Mais tarde o islamismo veio reforçar a não permissividade das condutas ditas amorais. Falo só das religiões que congregam as grandes plebes.

Aqui, neste cantinho europeu, quase em 2010, quer-se legalizar as uniões homosessuais. Tudo tem que ser lido com o respectivo enquadramento. Hoje, existe uma exponencialmente crescente onda de homossexualização. Travá-la? Para quê? Porquê? Por não se concordar com ela? Por não se aceitar o tipo de relações que está por detrás? Hipocrisia pura. Estas tendências, mais não são do que o produto da sociedade que se foi moldando. Uma sociedade que aprendeu a evoluir em velocidade, a rejeitar o passado, a projectar-se num futuro cheio de insatisfações e, por isso mesmo, impelida a ir cada vez mais depressa, numa fuga para a frente, na busca insaciável da satisfação. Uma satisfação efémera, que se esfuma mal se alcança, e que nos devolve o corpo e a alma, transfigurados, numa corrida alucinante à procura de novas sensações, de novos choques, de novos confrontos, de novas formas de estar, ser e pensar.

Fica de fora a forma de sentir. Já ninguém liga aos sentimentos. Importa apenas consumir sem ser consumido. Os políticos vão na onda e o mundo pula e avança. Com mais ou menos mariquices.

Querem legalizar o aborto? Referende-se. Querem legalizar as uniões de lésbicas, gays e travestis? Referende-se. Querem mais mulheres na Assembleia, no Governo, nas direcções das empresas? Referen... Não, aqui basta estabelecer quotas. Porquê diferente? Não nos convém assumir que somos uma sociedade machista, claro!

Será que os referendos ajudam a lavar as mão como Pilatos? Triste país, vivendo em permanente estado inculto, que deixa nas mãos de quem não educou para decidir, a decisão sobre o que quer que seja. Daí, os governos que temos tido. Claro, a democracia. A tal que foi criada pelos Gregos. Os tais.

E o governo que deveria ser laico, ainda pondera referendar! ou seja, aceitar perpetuar a sujeição ao domínio eclesiástico. De onde, por coincidência, vem uma percentagem razoável de gays. Sinistra hipocrisia.

Nesta guerra quixotesca, avancem com as cartas para cima da mesa e confessem lá o que vos move. Sabemos bem como são cada vez mais fortes as organizações de homossexuais. Sabemos bem o poder económico que representa essa parcela da sociedade. Sabemos então tudo: poder e dinheiro.