quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Balanço


Algo vai mal quando se sente a necessidade de fazer um balanço. Talvez seja melhor reduzir o balanço a uma simples estimativa do custo do dinheiro que está a ser emprestado a Portugal. Dos juros, já se sabe, rondam os 5% ao ano. Mas, e o custo que não é visível?
Falo do custo das consequências destes empréstimos. Do custo das medidas que estão a ser impostas para "merecermos" os empréstimos. Por exemplo, quando se obriga a uma redução aritmética dos gastos com a saúde e com a educação - como se acaba de saber -, o que querem estas medidas dizer, em termos de apoio social, num momento em que se estão a alimentar as estatísticas de desempregados? Como se poderá assegurar acesso a um doente, em termos de qualificação do direito básico em ser bem (ou, no mínimo, convenientemente) tratado. Por profissionais bons, convenientemente pagos, e não por maus profissionais, pagos demasiadamente bem para o serviço que não conseguem prestar? Como se poderá assegurar a um doente e aos profissionais que o querem tratar, o acesso aos melhores meios físicos para o tratar?
Pior ainda, com os cortes aritméticos na educação, como poderemos formar recursos humanos capazes de competir num mercado cada vez mais global, onde quem não tem a formação adequada acaba por ser aniquilado? Como podemos produzir mão de obra bem qualificada e bem pensante, para dar a volta ao mercado, para arranjar meios de diferenciação positiva no mercado, e alimentando o fluxo exportador, único meio catalizador da retoma económica de Portugal? Ou mesmo, como estaremos a formar pessoas para emigrarem com sucesso, enquanto não se produz a necessidade de incremento do emprego que as retenha no país?
Estou a falar de custos enormes, com hipoteca anunciada para as gerações futuras. Custos que não se contabilizam num simples demonstração de resultados. Custos que deveriam ser apresentados às entidades que nos emprestam o dinheiro, e aos norte-americanos que orquestram esta marcha fúnebre que começou a desafinar em Agosto de 2008, precisamente os seus causadores, e agora a tentarem salvar o dólar à custa do euro. Claro que esta gente e seus acólitos, de um e outro lado do Atlântico, está-se a esquecer que, quando os países desenvolvidos estiverem de tanga e canga, não sobra ninguém para lhes comprar as exportações. Nem os BRICs, que estarão bem mais preocupados em suster contágios locais.
Bem me parecia que fazer um balanço não era boa ideia...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Estados desUnidos da Europa


Quando, distraidamente claro, penso que nada poderá justificar ainda mais a utopia da união europeia, eis que cabeças responsáveis clamam irresponsavelmente por uma cisão entre países bem-comportados e países mal-comportados.
É bom de ver que tal divisão é mais que económica e terá inevitavelmente de degenerar numa cisão social, opondo povos. Ou seja, o contrário do ideal da união.
E Bruxelas bruxuleantemente acata o desvario titubeando magras oposições ao rumo dos novos iluminados. Uma vergonha perpetrada por quem não tem qualquer réstea de vergonha.
E que tal, deixarem-se de fazer de coveiros e começar a imprimir dinheiro? AH e a inflação? So what? só faz bem com o devido controlo.
Assim vai a nossa Europa, enquanto por cá o cavaquismo se vai distraindo para nos distrair da sua enorme responsabilidade pelo estado da nação. O inquilino de Belém, porta-se como o seu dono, porventura por achar que o tempo que tem de poder (já vai em 16 anos), lhe dá esse direito. Sempre com uma corte que acompanha o Chefe e a sua Dama, lá vamos vendo cabisbaixos as tristes figuras que aquelas almas (de)penadas fazem nas suas diatribes sebastianinas pelo mundo fora.
Tenho vergonha do caminho que estamos a percorrer. Nós e o resto do mundo. Aproxima-se um holocausto, receio.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mobilizar


Explicar de forma acessível que Portugal está em dificuldades não é muito difícil. Basta dizer que não há dinheiro! Toda a gente percebe. E antes de tirar dinheiro aos contribuintes há que mobilizar a cidadania para um esforço colectivo de produção, de inovação, de consumir nacional, de respeito pelo país e pelo que é português. Depois sim, as medidas terão de ser anunciadas, explicando a sua opção e quantificando os seus resultados. Medidas de austeridade e medidas para ajudar a colocar Portugal no mapa dos países com poucos problemas.
O que tem sido feito é de uma inépcia confrangedora. O Governo não sabe comunicar, não consegue mobilizar e anuncia medidas que, ao invés de unir as pessoas, provoca imprudentes clivagens no tecido social. Depois virão os remendos. E tecido remendado não dura muito.
Os anunciados cortes de 2 meses aos funcionários públicos e pensionistas é exemplo disso mesmo. Divide a sociedade em muitos retalhos. De um lado os funcionários públicos e reformados, do outro os funcionários privados. Deste lado, os privados que não vão ter cortes e os privados que irão ter, porque os seus empregadores assim o negociarão sob o espectro de que a alternativa é o desemprego. Claro que estes cortes não irão para o Estado, mas sim para diminuir os prejuízos das empresas. Que, caso dêem lucro,apenas darão 25% ao erário. E virão os lobbies reforçar as divergências. Falar-se-á de iniquidade fiscal. Etc.
Solução? todos por todos!
Primeiro, a mobilização da sociedade.
Segundo, manter um imposto extraordinário para todos os rendimentos.
Terceiro, baixar o imposto sobre os lucros das sociedade, para evitar a tão aliciante economia paralela.
Quarto, avaliar os excessos de pessoal, cortar gastos e reorganizar a função publica.
Quinto, despedir quem está a mais, criminalizar o despesismo e encerrar os serviços que não prestam serviço. Custa dizer despedir, custa muito mais não emagrecer o monstro que nos conduziu a este estado insustentável. Quanto mais depressa melhor, mais rapidamente recuperamos, pomos a economia a funcionar e a dar de novo emprego. O argumento dos custos do desemprego não colhe, pois o desempregado tem um custo muitissimo mais baixo e de duração muito limitada. Basta fazer contas.
Finalmente, apresentar ao país a equação que equilibra financeiramente tudo isto: apresentar os custos das medidas e os proveitos que as cobrem. Traçar o cenário que permita perceber que o que se está a fazer, não é em vão. E que estaremos a criar uma sociedade mais produtiva e eficaz nos próximos anos. A tempo de recuperar quem mais sofrer agora.
Caso isto não se faca, entraremos num longo inferno do nosso descontentamento.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Steve Jobs rip




"Mantém a fome, mantém a loucura" era este o teu conselho para ti mesmo.



Tiveste sucesso em vida, mas só serás devidamente reconhecido depois de morto. Logo tu, que não querias ser o homem mais rico do cemitério. Tiveste a visão que só alguns conseguem ter de como viver melhor o futuro. Deixas uma herança revolucionária, linda, pronta a ser desenvolvida.



Mesmo sabendo isso, sei também que o mundo vai ficar bem mais triste. Porque é que este ano não me chegam boas notícias? pior, as que chegam são invariavelmente más.



Há quanto tempo não venho aqui escrever? Precisamente, muito. Tenho fome, mas tem vindo a faltar-me loucura.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Ignomínia



Quem não se sente não é filho de boa gente. Como é possível a Europa não responder adequadamente aos sucessivos jogos das agências de rating? Falta declaradamente liderança na Europa. Ontem a Grécia passou a lixo, hoje Portugal, amanhã a Espanha, etc.



Já referi demasiadas vezes que a resposta é cria uma agência de rating europeia, subordinada a Bruxelas e com participação do BCE. Correndo de vez com as agências privadas, subordinadas a interesses especulativos, e que há quatro anos abençoavam o verdadeiro lixo com ratings máximos. Como é possível? A China seguiu precisamente o caminho da criação de uma agência chinesa. Que classifica Portugal com A-.



Mas o mais grave é que este assunto já não é só Portugal, é a Europa.



A Europa tem de perceber que está a ser desmantelada. A ignomínia vem do outro lado do Atlântico e nós, europeus, passivamente deixamos.



Liderança precisa-se.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Go!verno




Governar um Estado é como governar uma Empresa, mas com a particularidade de os governados serem simultaneamente accionistas.
Gerir uma empresa é incentivar a produção, controlar os custos, olhar para o benchmarking e, no mínimo, acompanhá-lo. Evitar a asfixia da força produtiva. Educar os accionistas para uma estratégia de salvação nacional. Educar e qualificar o tecido empresarial, produtores e consumidores. Ensinando que, só depois de ser gerado rendimento, este pode ser parcialmente distribuído. Até lá não há dividendos. Em suma, eliminar os factores de histórico insucesso, a falta de formação, de educação e civilidade, de qualificação.

Hoje vai-se conhecer o novo Governo / Conselho de Administração de Portugal. As expectativas sobre a capacidade e o bom senso de governar o país são, porque têm de ser, elevadas. Espera-se a correspondente elevação.




Watts, Time, Death and Judgment

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Portugal











Portugal, embalado para a falência (bancarrota=quando persistentemente se gasta mais do que se ganha).

Portugal, deixado aos políticos. Portugal, economicamente intervencionado.

Portugal, que vai voltar à emigração.

Para não deixar de te amar, Portugal, preciso arrancar as palavras de Miguel Torga, e espalhá-las aqui.




Hoje, sei apenas gostar duma nesga de terra debruada de mar (Pátria).


O berço! Não há ninguém que não trema diante desta palavra. Tudo a depender dela, o bom e o mau, e a gente sem poder nada! (Minho).

 
Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade e o coração, depois, não hesite (Trás-os-Montes).


Patético, o estreito território de angústia, cingido à sua artéria de irrigação, atravessa o país de lado a lado. E é, no mapa da pequenez que nos coube, a única evidência incomensorável com que podemos assombrar o mundo (Doiro).


O indivíduo que põe num cabelo o valor de todo o corpo é um ser completo. Da cabeça aos pés, passando pela alma, a sua unidade não tem fendas, e joga como um bloco maciço. É uma força invencível (Porto).


Do caldo de couves faz um manjar, do azeite uma tibornada, da lã churra um cobertor de papa, e da carne de cabra uma chanfana de endoidecer. Faz estes milagres sem grande imaginação, pouco poeta e pouco artista, mas hábil, engenhoso e prático (Beiras).


Bem talhada, vistosa, favoravelmente colocada entre Lisboa e o Porto, a primeira, marítima, a segunda, telúrica, uma a puxar para fora e outra a puxar para dentro, ela representa uma neutralidade vigilante, fazendo a osmose do espírito que parte com o corpo que fica. Do espírito que vai, ou deve ir, a todas as aventuras do mundo, e do corpo que tem raízes imutáveis no chão nativo (Coimbra).


Sempre Atlântico, praia... e pescadores. É certo que de cada popa se vê um Portugal diferente, conforme a latitude: verde e gaiteiro em cima, salino e moliceiro no meio, maneirinho e a rilhar alfarroba ao fundo (Litoral).


Os moinhos de vento, que polvilham luz nos outeiros, fingiriam ainda de gigantes desbaratados nos sonhos quiméricos dos actuais Quixotes do gratuito (Estremadura).


A própria fúria das ondas, que querem destruir o fantasma, minando-lhe a alma, é um sinal. Por toda a parte do mundo onde chegámos vai a erosão do tempo destruindo os alicerces dos padrões que erguemos (Berlengas).


O toureiro português é a prova de que nem tudo no homem é cobardia de açougue, mistificação vegetariana. A vida é um desempate permanente, e o que é preciso é jogar com limpeza e formosura em cada número da caprichosa roleta (Ribatejo).


A nação não morre de amores por Lisboa, e sabe-se que Lisboa lhe paga na mesma moeda. É uma mútua hostilidade latente que os anos não suavizam. Talvez mesmo que lá no fundo, no fundo da desavença, não haja senão um sentimento de culpa comum, a mesma mágoa inconfessada duma desgraça que abrangeu toda a nação, mas que tem na capital o seu estigma indelével (Lisboa).


Será talvez alucinação de poeta. Mas porque nela se documenta inteiramente a génese do que somos, o que temos de lusitanos, de latinos, de árabes e de cristãos, e se encontra registado dentro dos seus muros o caminho saibroso da nossa cultura - se estivesse nas minhas mãos, obrigava todo o português a fazer uma quarentena ali (Alentejo).


Casas cujos telhados, nem de colmo, nem de lousa, sejam açoteias de harém para um amor livre e espontâneo ao luar; gente que se não cubra de croças nem de pelicos, mas ponha a sombra preguiçosa dum guarda-sol sobre a quentura do corpo; e figueiras pequeninas, anãs, sem toco, onde nenhum Judas se possa enforcar de remorsos. Um paraíso em que a maceração cristã não entre de maneira nenhuma (Algarve).

 
Como aquelas realidades que se desconhecem, embora continuamente presentes a nosso lado, assim o teimoso promontório da esperança, há séculos, permanece ignorado junto de nós. E as próprias ondas, cansadas de tão estranho absurdo, escavam nas ilhargas do rochedo e minam-lhe os fundamentos. Indignado, o "mar português" quer destruir o pesadelo, ou, pelo menos, transformá-lo numa ilha onde não possam chegar peregrinos da impotência. Quer destruí-lo, ou separá-lo de Portugal (Sagres).

quarta-feira, 20 de abril de 2011

7.000.000.000




A Terra gira com 7 biliões de humanos às costas. A tendência continua, por incrível que pareça, a ser uma inconsciente caminhada suicida de crescimento populacional. Não nas zonas mais desenvolvidas, onde a idade média tem vindo a aumentar, mas sim nas zonas menos desenvolvidas.




Que fazer deste planeta tão estragado? Escrevo numa das zonas onde se vêem pessoas cada vez mais velhas, onde a juventude vai rareando, sem vontade ou estabilidade para procriar.




Vejo um mundo cada vez mais urbano, mais consumista, com uma única hipótese de se alimentar: quimicamente.




Vejo um mundo cada vez mais egocentrado, onde a sustentabilidade incomoda, onde a visão do amanhã é escorraçada do pensamento pelos "sound bytes" da moda. Vejo o homem indiferente a projectos de cidadania e a mecanizar-se progressivamente..




Há 40 anos Yuri Gagarin, afastou-se o suficiente da Terra para dizer: é azul. Pois, o Mar. Pois, este planeta azul, há 40 anos tinha metade da população. Metade das bocas para alimentar, num conjunto mais rural e menos poluente.




Hoje, a Terra não está a ficar verde azulada de vida saudável, está a ficar cinzenta amarelada de sobrevivência doentia. E exausta de arrastar tantos robôs.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Mar, um desígnio e uma marca


O Mar e a Terra são os únicos desígnios para o lançamento do crescimento da economia portuguesa. Vivemos uma pirâmide produtiva invertida, tendo no topo uns Serviços sem competitividade, no meio uma Agricultura envergonhada e na base um Mar quase seco.


Quando conseguirmos inverter esta pirâmide, dando-lhe uma base assente na economia do Mar, seguida pelo natural suporte da economia da Terra e terminando na prestação de serviços de elevado valor acrescentado, poderemos dizer que foi alcançado um patamar de excelência na formação do nosso PIB e com um pulsar de crescimento que permita a Portugal respirar e retomar o seu lugar de relevo no mapa mundial.


Interessa começar pela base da pirâmide, sem ignorar o muito que se pode fazer com a terra e em terra. O Mar é o nosso factor de diferenciação pela positiva transformável numa mais-valia sem limites.

O Mar! O Mar representa hoje cerca de 6% do PIB. Mesmo depois de lhe termos voltado as costas. Mesmo depois de termos liquidado a frota pesqueira e os armadores comerciais.

Com a extensão de costa que naturalmente temos, e com a recente extensão da plataforma marítima atribuída a Portugal, será mesmo estupidez não voltarmos a abraçar o Mar, a retirar dele alimento, energia renovável, água, recreio náutico, turismo e desenvolvimento biológico e químico para a humanidade.

O nosso território marítimo é quase 20 vezes superior ao terrestre. O desenvolvimento dos nossos portos tirar-nos-ia da nossa periferia, oferecendo plataformas logísticas entre o Norte e o sul da Europa e para cruzamento de rotas intercontinentais. Volto à estratégia, disciplina fundamental para que tudo nasça direito, nada deixando ao acaso. Precisa-se de um projecto estratégico para o Mar. Precisa-se de abraçar esta visão e criar as condições políticas para devolver o Mar a Portugal. É um desígnio de Estado, que qualquer governo deve abraçar sem reticências. Com os olhos postos nos mercados internacionais. Coordenando estratégias para os diversos portos, focando a logística e os transportes marítimos. Incentivando o reaparecimento de armadores. Relançando a construção e reparação naval. Promovendo a náutica de recreio. Incentivando a criação de quintas marinhas e promovendo internacionalmente os seus produtos. Incentivando a indústria de pescado e promovendo os seus canais de escoação. Incentivando a investigação biológica e química, retendo no país a melhor massa cinzenta. Incentivando a exploração energética. O desenvolvimento bem sucedido de uma estratégia virada para o Mar, permitir-nos-ia certamente alargar a plataforma territorial marítima. E não existem razões para duvidar do sucesso. Temos uma tradição histórica de gente virada para o mar com sucesso. Há que devolver a essa gente o conhecimento da importância do Mar. Ensinando nas escolas que o Mar está no ADN português. Sonho com um Portugal digno, feliz e sustentável.


Rob Gonsalves, In search of sea

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vergonha



Nunca é demais bater nesta tecla. Se temos tido governos incompetentes e políticos da mesma cepa, a culpa é nossa, cidadãos tolerantes ou votantes.

Vejo duas vias para ultrapassar este preocupante estado de coisas: uma, a forte aposta na educação e na moralização do sistema judicial; a outra, que até deve ser cumulativa, uma revisão constitucional que retire impunidade a quem não sabe governar bem.

Enquanto não for feita uma revisão constitucional que obrigue os políticos governantes, seja qual for a estrutura, desde a presidência da república ao presidente da junta de freguesia, a prestar contas sobre o cumprimento das promessas eleitorais, não iremos a lado nenhum. Prestar contas perante estruturas de fiscalização compostas por pessoas nomeadas fora das listas partidárias (sob supervisão dos Conselheiros de Estado, por exemplo). E em caso de juízo negativo, serem accionados mecanismos de punição, desde a prisão até à simples proibição de exercício de cargos públicos.

Enquanto este Portugal não voltar a ter orgulho em si e nos seus filhos, só me resta ter vergonha de não conseguir mudar o estado da Nação.



sexta-feira, 11 de março de 2011

Quem está à rasca?







Faço parte da geração responsável pelo avolumar da deterioração do estado do país. Reparem, do avolumar!. Porque gerações para trás houve com tanta ou maior quota de responsabilidade. Mas só me interessa falar da minha quota parte de culpa. É grande e é diluída, por isso pequena. Grande porque o resultado vê-se na minha geração e provoca - felizmente - ondas de indignação na juventude "À rasca" que amanhã se pode manifestar nos Restauradores. Pequena, porque tenho a consciência de saber onde estão as origens dos males, mas não conseguir elevar a voz para ajudar a deitar abaixo esses males, na pessoa dos medíocres que nos governam, que nos querem governar, que, no fundo, só se querem governar.



Por isso, geração à rasca, somos todos nós, mas quem tem mais anos de vida sofre um peso maior; não mais premente, mas maior, pois espera-lhes mais anos de vida. Vida? Ooops! que vida?!



Manifestemo-nos todos por um vislumbre de vida! Para não se dar razão a quem ouvi dizer: quem dera um terramoto e um tsunami como os de hoje no Japão: acabava-se tudo. Jovens, filhas, manifestem-se com a dignidade que falta a quem nos governou e hoje se vos opõe. Ajudem a escrever uma história melhor que a que vos deixamos.
Lost, TV series (aren´t we all??)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A Esperança também tem preço




Gostava de transmitir uma nota mais optimista. Mas o optimismo sai-me forçado, irresponsável até. E não consigo sustentar essa nota em argumentos lógicos, racionais, financeiros. E só a palavra Esperança parece sustentar o optimismo que todos gostariam de ver melhor justificado.


A Esperança vai assim reduzir-se a uma palavra usada e abusada. Podemos contornar a questão, mudando-lhe a forma. Chamando-lhe Pensamento Positivo. Mas a fundamentação falha e o Pensamento cola-se à Esperança.


Gostava de transmitir optimismo, porque acreditasse e tivesse confiança nos agentes de mudança. Confesso não conseguir atraiçoar o meu próprio pensamento.


Em termos globais, não há razão para faltar optimismo. Em termos globais, serão cada vez mais os milhões que sairão de um estado de pobreza física, em países de economias emergentes, que hoje em dia dão cartas e vêm "dar uma mão ao ocidente".


Ah, o ocidente! começando pelo ocidente que ultrapassou a ocidental praia da Taprubana.


E existe sustentabilidade nesse gesto? Ficaremos refens dos emergentes? Ou o ocidente estará mesmo a emitir o seu canto do cisne?


Gostava de transmitir uma nota de optimismo mas abava-se-me a voz.


Anna Pavlova, a morte do cisne
Anna Pavlova, e o seu cisne de estimação Jack