segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O dragão


Penso que todos guardamos um ou outro esqueleto no nosso armário privativo. Daí não vem grande mal ao mundo. Só temos de nos preocupar com a nossa capacidade de resposta e reacção, quando os esqueletos abanam, rasgam as teias de aranha e se aproximam perigosamente do nosso íntimo. Quão frágil ele é, eis a questão. Também esta, é uma questão de ser ou não ser.

Lembrei-me dos esqueletos, a propósito de uns quantos espantalhos que começam a sobressair do descampado em momentos de confirmada crise económica, e por isso, social. Daqueles que se aproveitam das fragilidades alheias para sugarem tudo o que podem, dinheiro, quase exclusivamente. E existem tantos espantalhos! mais que esqueletos seguramente. Outros espantalhos há, que sugam a dignidade, como se precisassem desesperadamente de rebaixar aqueles de quem se sentem inferiores. Outros ainda que parasitam o ano todo, e quando lhes cheira a crise, tentam esventrar o hóspede, numa derradeira tentativa de sugar tudo de uma vez só.

Por vezes sinto-me como aquele quadro de Durer, S.Miguel defendendo-se do dragão. No que parece uma defesa inglória, quando cada escama do dragão é um espantalho.

Estou a pensar soltar os esqueletos e deixá-los a lutar com os espantalhos. Que eu vou à fava, enquanto a ervilha enche.

Sem comentários: