sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Mar, um desígnio e uma marca


O Mar e a Terra são os únicos desígnios para o lançamento do crescimento da economia portuguesa. Vivemos uma pirâmide produtiva invertida, tendo no topo uns Serviços sem competitividade, no meio uma Agricultura envergonhada e na base um Mar quase seco.


Quando conseguirmos inverter esta pirâmide, dando-lhe uma base assente na economia do Mar, seguida pelo natural suporte da economia da Terra e terminando na prestação de serviços de elevado valor acrescentado, poderemos dizer que foi alcançado um patamar de excelência na formação do nosso PIB e com um pulsar de crescimento que permita a Portugal respirar e retomar o seu lugar de relevo no mapa mundial.


Interessa começar pela base da pirâmide, sem ignorar o muito que se pode fazer com a terra e em terra. O Mar é o nosso factor de diferenciação pela positiva transformável numa mais-valia sem limites.

O Mar! O Mar representa hoje cerca de 6% do PIB. Mesmo depois de lhe termos voltado as costas. Mesmo depois de termos liquidado a frota pesqueira e os armadores comerciais.

Com a extensão de costa que naturalmente temos, e com a recente extensão da plataforma marítima atribuída a Portugal, será mesmo estupidez não voltarmos a abraçar o Mar, a retirar dele alimento, energia renovável, água, recreio náutico, turismo e desenvolvimento biológico e químico para a humanidade.

O nosso território marítimo é quase 20 vezes superior ao terrestre. O desenvolvimento dos nossos portos tirar-nos-ia da nossa periferia, oferecendo plataformas logísticas entre o Norte e o sul da Europa e para cruzamento de rotas intercontinentais. Volto à estratégia, disciplina fundamental para que tudo nasça direito, nada deixando ao acaso. Precisa-se de um projecto estratégico para o Mar. Precisa-se de abraçar esta visão e criar as condições políticas para devolver o Mar a Portugal. É um desígnio de Estado, que qualquer governo deve abraçar sem reticências. Com os olhos postos nos mercados internacionais. Coordenando estratégias para os diversos portos, focando a logística e os transportes marítimos. Incentivando o reaparecimento de armadores. Relançando a construção e reparação naval. Promovendo a náutica de recreio. Incentivando a criação de quintas marinhas e promovendo internacionalmente os seus produtos. Incentivando a indústria de pescado e promovendo os seus canais de escoação. Incentivando a investigação biológica e química, retendo no país a melhor massa cinzenta. Incentivando a exploração energética. O desenvolvimento bem sucedido de uma estratégia virada para o Mar, permitir-nos-ia certamente alargar a plataforma territorial marítima. E não existem razões para duvidar do sucesso. Temos uma tradição histórica de gente virada para o mar com sucesso. Há que devolver a essa gente o conhecimento da importância do Mar. Ensinando nas escolas que o Mar está no ADN português. Sonho com um Portugal digno, feliz e sustentável.


Rob Gonsalves, In search of sea

Sem comentários: