quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Saudades



O presente é um catalizador de saudades. Infelizmente.
O presente ideal é o que nos não deixa ter saudades, é o que nos faz fruir a vida de hoje com absoluto prazer. Mas (e este é um grande Mas) o mundo anda tão mal frequentado, e Portugal, numa escala mais insignificante, não deixa de lhe seguir o exemplo.

Só se vêem pessoas empurradas para as saudades de tempos que conheceram em melhores dias. Estas Saudades matam a Esperança, definham o Espírito, corroem o Corpo.

Há que sobreviver, repelindo as teias das saudades dos passados. Combater essa teias com outras. É preciso deixar de sentir tantas saudades dos passados. Há que, carinhosamente, remetê-los para o baú das miragens, para o cantinho das boas memórias, estimados, claro, mas sem obcecar, sem negar que enriquecem os evangelhos da nossa vida.

Há que querer, mesmo, sentir saudades do futuro, ansiar por tempos benevolentes de restauração da felicidade de viver e de ver viver em felicidade. É bem melhor ter saudades do futuro do que do passado. Contrariando a definição de saudade, que a remete sempre para o passado. Inventemos as saudades do futuro. O Sol nasce todos os dias, e brilha sempre nalgum lugar. Há que procurar estar nesse lugar, que muda todos os dias.



Turner, Norham Castle sunrise

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