sexta-feira, 9 de março de 2018

Predadores



Entrou-se definitivamente na pós-democracia. Por todo o lado, as correntes populistas ganham força e chegam ao poder. Como ideias só têm a crítica sem ética, polvilhada de propostas espúrias aplicadas depois de moldar as leis. Veja-se a Polónia, onde o sistema judicial ficou nas mãos do poder político e já se faz estragos: é considerado crime falar ou ensinar em "colaboração de polacos com os nazis"; é crime falar em "campos de concentração polacos". Semeia-se uma nova forma de reescrever a história. Pode ser um exemplo caricato, mas é representativo do que estas cabeças produzem e significativo ideologicamente.

À nossa volta, os populismos avançam, ganham eleições, votados por populações com medo das mutações sociais. O papão da insegurança mundial, é propalado sem dó nem piedade, assustando os menos preparados culturalmente e exacerbando os nacionalismos.

Entre os populismos e os poderes absolutos, apenas uma pequena parte do mundo ainda respira democracia.

O que é que está a falhar na democracia? A educação, o aculturamento das populações. Sem uma forte aposta na educação não se conseguirá travar esta minoria sem ética.

Se se olhar para os primórdios da humanidade, conclui-se que o Homem é o maior predador que alguma vez existiu, e que continuará numa fúria incontida de fuga para a frente, que o levará a procurar outros planetas para se expandir.

Será a consequência do espectáculo triste hoje instalado.

Assiste-se hoje à tomada de poder por novos predadores, estes populistas, agitadores de espantalhos que têm acolhimento no resultado do nosso défice cultural. Por uma nova minoria de predadores que não encontra oposição na maioria titubeante dos restantes políticos.

Vamos assistir ao incêndio das nações.




Vieira da Silva, O incêndio

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