quinta-feira, 23 de abril de 2009

Fado


O que é o Fado. Destino? Fatalidade? O fado que passa por cima das previsões oraculares, da determinação astral, da avaliação dos signos, e anda de mãos dadas com a sina de cada um?

O fado mora connosco e tudo o que nos acontece é fado? Como explicar isto a um estrangeiro que não tem a palavra fado no seu léxico? Perguntará ele, os portugueses são diferentes dos outros povos? E, na realidade, não somos. Existem povos que têm crenças e hábitos que se encaixam na determinalogia do fado-destino. Outros, pelo contrário, encaram a simples alusão a este fado, como vinda de um povo menos evoluído, ainda agarrado às crenças do sobrenatural.

Não é a este fado-destino-fatalidade que presto homenagem.

Porque o Fado que se canta (bem) é muito mais. É a este fado que me refiro. O que junta a saudade, a dor, a tristeza, a breve alegria, com o destino e a fatalidade. O que é de "ir às lágrimas". O que vive e se alimenta num ambiente escuro, como pedia o Alfredo, a cantar de óculos escuros. O que se veste de roupas negras e volumosas, como usava a Amália, a enfeitar a sua voz alegremente triste. E como não sou purista do fado, falo naquele que mais me toca, aquele para mim é o fado, embrulhando as letras e a música, na sua voz sofrida, o de António dos Santos.

Mas... tudo isto é fado.
Malhôa - o Fado

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