quarta-feira, 13 de maio de 2009

A tentação de não fazer nada

As Rosas. Vermelhas. Isoladas, para que a sua beleza transgrida a fronteira entre a discreção e a ostentação. Para que os olhos se fixem nelas. No seu caule defensivo, orgulhosamente erecto. Nas suas pétalas delicadas, e assim imaginar que o cheiro perfumado nos alcança. Depois, cerrar os olhos, e continuar a seguir a imagem das rosas. Flutuar ao sabor da imaginação. Atravessar as águas da piscina como quem atravessa as águas da Mancha, num pulo que faz parar o tempo. Recuar e avançar no tempo. Preguiçando, à solta, na Terra do Faz de Conta.

Os Cedros. Verdes. Onde os olhos descansam, poisados na beleza estranha das suas folhas. De novo, cerramos os olhos, e tentamos passar o filme do seu crescimento. Ainda tão novos, mas já tão crescidos. De pequenos e frágeis, passaram já a robustas árvores que nos protegem do sol e do vento. Deambular por eles é pensar que o tempo não pára. E que atrás de tempo, tempo virá. É preguiçar, afinal.


A Água. Azul. Contemplar o mar é ter a sensação inconcebível do Infinito. E logo ser tentado a imaginar que Terras estão do outro lado. É ver caravelas onde elas não existem. É imaginar a Ilha do Tesouro e a Atlântida distanciadas por poucas braçadas. É ouvir Sereias a ler os Lusíadas na Ilha dos Amores. É preguiçar.


O Heimat. De todas as cores. Nunca perfeitas. Mas onde temos o nosso recanto físico. Aonde o nosso recanto psíquico, regressa para descansar. Onde descansar é Preguiçar.
Porque os dias estão maiores, o bom tempo está aí, e a tentação de não fazer nada pode conduzir a Preguiçar. Mas a Preguiça tem de ser efémera. Para não se tornar perigosa.


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