quarta-feira, 1 de julho de 2009

O deserto


Portugal tem qualidades de que não abro mão. O pior são mesmo os defeitos. E estes vêm de nós, povo pequenininho, mesquinho, invejoso, medíocre na moralidade e na postura. Não é de agora, claro. Basta olhar para a história, e constata-se que sempre assim tem sido.

Tudo isto a propósito do anúncio da nova temporada do CCB. Ridículo chamar-lhe temporada. Verdadeiramente digna desse nome (até numa perspectiva europeia) é a anteriormente anunciada para a Gulbenkian.

O que verdadeiramente me indigna é o facto de o CCB ter sido uma obra arrojada, cara e totalmente desperdiçada na sua função. Até na função de expositor de artes plásticas, lá teve de arranjar um compromisso para alojar, como mera arrecadação, as obras de um rico emigrante rico.

O programa, ano após ano, tem sido um deserto de ideias, de nomes, um virar as costas à cultura consagrada em detrimento de experimentalismos, baratos, certamente.

Se o CCB vive sem dinheiro, ou se o que tem só lhe dá para pagar a renda da casa, a água e a luz, porque não alugar o espaço a outras Temporadas, como a do S.Carlos e a da Gulbenkian. Por exemplo, esta última continua a trazer as grandes orquestras do mundo a Lisboa, mas reserva-lhes o Coliseu! Consigo bem imaginar a qualidade de som que se extrairia no CCB quando a OSLondres nos visitar em Janeiro próximo. Ao invés, recuso ir ouvi-la ao Coliseu, pois posso chocar com os sons e aleijar-me.

Rubens, Anjos a fazer música

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