quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Pensador



Juro que não queria pensar!
É exercício de masoquismo, conflito perdido.
Pudera eu ouvir o meu coração no seu ritmo infatigável,
Soprar-me ao ouvido as qualidades para se ser um Pensador,
Avisando-me das armadilhas semeadas ao longo dos pensamentos.
Pudera eu ver as trevas da ignorância e tomá-las como luz.
Pudera eu sentir a letargia da solidão como festa dos sentidos.
Pudera eu olhar para o vazio que conquista este mundo
E continuar a sorrir por existirem árvores e rios à minha volta.

Juro que não queria pensar!
Preferia pegar no escopro e no martelo,
Cercar uma pedra distraída, tocar-lhe e senti-la
Fixar-me na abstracção enquanto a dilacerava com a minha energia,
Rebuscando nas suas entranhas mais recônditas,
Até nelas encontrar um Pensador que fosse feliz.
Ah, mas só Rodin o conseguiu.
E eu,... sinto-me o pó que restou das suas esculturas.

Rodin, o Pensador

1 comentário:

CRISTINA disse...

Lágrimas pela confirmação de uma vida perdida, incompeendida
Lágrimas de desilusão
Lágrimas de frustação
Lágrimas secas, tristes
Contudo lágrimas