quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vinho sobreaquecido




As vindimas têm-se vindo a fazer (em média dos últimos anos) cada vez mais cedo e as uvas amadurecem mais rapidamente. Pode parecer insignificante, mas acho preocupante porque creio que o aquecimento global não será alheio a esta constatação.
Estão previstas para as próximas dezenas de anos, na Europa vinhateira, subidas de temperatura, progressivas, atingindo no final do século, o número assustador de mais 6 graus em média, relativamente ao seu início. Trata-se de um ritmo demasiado rápido para a natureza se adaptar. Provavelmente, adivinham-se novos surtos de doenças nas vinhas, com o incremento do grau de apodrecimento, já para não falar das consequências das previsíveis inundações.
E assim, coloca-se a questão: como vão reagir as vinhas? Certamente um "terroir" de hoje não manterá o mesmo tipo de produção daqui a uns anos. E sa a temperatura sobe globalmente, amanhã a Inglaterra terá a temperatura que a França tem hoje. Aliás, o sul de Inglaterra já vai produzindo pequenas quantidades de vinhos (Denbies, Dorking, Surrey) de respeito. O mapa vinhateiro pode alterar-se significativamente. Néctares que criaram uma auréola mítica à sua volta nos últimos cem ou duzentos anos, estarão condenados. Vamos então passar a ter "Montrachet" na Escócia? Vinho do Porto no Exe Valley?

Só vejo uma solução: as entidades ligadas ao vinho, começando nos produtores, e sem excluir os jornalistas, devem pressionar os governos para a tomada de medidas que contrariem o aquecimento global. Não temos muito tempo. Podemos começar já em Dezembro, na cimeira das Nações Unidas, em Copenhaga.

Georges Seurat - st denis

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