segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Ser Pai




Ser Pai é assumir uma forma de vida que quem não é pai não tem. Há uma responsabilização intuitiva que não existe em mais nenhuma relação. Há um vínculo invisivel que os pais foram tecendo ao longo dos anos e que os filhos pressentem dando-lhes uma segurança tomada como uma certeza sempre presente. Mas há mais. Há uma força centrífuga que os pais têm de aprender a dominar, para não cercearem as múltiplas liberdades que os seus filhos desejam adquirir. Da mesma forma que devem aprender a não viver apenas em função dos filhos. E é esta aprendizagem permanente que tem como objectivo evitar os desequilíbrios. Ser pai é assumir esta forma de vida.

Ser Pai é também ser receptor das alegrias e tristezas dos filhos. Sofrer com os seus sofrimentos. Tantas vezes, é sofrer em antecipação, porque adivinhamos os problemas que, muitas vezes, não se verificam. Tantas vezes, é sofrer mais que ele próprios. Se é que o sofrimento se pode medir...

Ontem, era porque os filhos choravam e não nos sabiam dizer porquê. Hoje, é porque uma filha está num país muçulmano de difícil vivência a fazer voos de transporte de peregrinos para Medina. Amanhã, é porque uma filha está a sofrer no seu casamento. Em todos os momentos, um pai gostaria de ter o poder de transferir para si os sofrimentos dos seus filhos.

Ser pai é ser assim. Mais sofredor que rejubilante. Outros pais não serão assim. Mas também não viverão a felicidade de ter as filhas que eu tenho.




Suset Maakal, Father and daughter

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