segunda-feira, 24 de julho de 2017

o Tempo sem tempo


Que tempo é este? Em que não se tem tempo para nada. As pessoas correm em função das múltiplas apps. Escravidão tecnológica, criada para ajudar. Mas que subjuga sem apelo nem agravo. E quem se julga independente, acaba também por conceder demasiado tempo do seu tempo.
Acordo com a sensação de não ter tempo... Tempo para quê? Para isto e para aquilo. Para apreciar a Arte, para comungar com as diversas formas de Arte, para falar, para rir, para gozar o Verão de um choupal, para dormir no Inverno da cidade. Mas principalmente para prolongar o tempo que, de outra forma, se esvai como uma ferida insarável.
Depois, há a consciência atormentada de se saber que o tempo que nos resta é limitadamente curto. E aqui chegados, podemos fugir do futuro, viver o presente até à exaustão. Fugir para um lugar longínquo, onde o tempo é outro tempo, mais largo, mais amplo, com mais espaço para preencher, depois de se ter deitado fora o lixo que nos asfixiava. Fugir, então. Que luxo!


Gerhard Richter

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