terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Venezia



Hoje senti uma urgência de voltar a Veneza. Adoro andar. A pé. E Veneza convida-nos para a viver, calcorreando os seus passeios, as suas pontes, a pé. Adoro água, o mar. Não adoro a lagoa, mas sempre é uma água especial, a que Veneza nos impõe, e posso sempre fingir que a sua lagoa é a que Turner pintou. Adoro toda a Veneza que Turner nos legou.





Tal como adoro a Veneza real. De dia, intervalo passeios no vaporetto com incursões pelos labirintos que desvendam sempre novas igrejas, onde se resguardam tantas obras dos Mestres. Os turistas são o pior de Veneza.Recordo muitas vezes o prazer sublime de ficar na Piazza, saboreando um fim de tarde, abandonado apressadamente pelos turistas sem fim, sentado no Lavena, bebericando um chocolate quente de Inverno, um espumante de Verão, sempre afagando os veludos puídos pelo tempo, sabendo que Wagner se terá sentado ali, numa época em que o tempo tinha outra dimensão, e lhe permitiu escrever o dueto do Tristão. Onde se terá sentido tocado por divina inspiração. E escreveu parte do Parsifal. Onde terá olhado para o céu e prometido escrever uma ópera sobre Buda. O mesmo céu que marcou o fim da sua vida, não o deixando cumprir a promessa. Sublime.


Sei que voltarei a escrever sobre Venezia. A saudade transborda em palavras.

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