terça-feira, 19 de maio de 2009

Comunicar


Nunca em tão pouco tempo se alterou tanto a forma de comunicar. Longe vão os tempos em que se aguardava, impacientemente ou nem tanto, que o correio nos trouxesse uma publicação impressa. Menos longe, estão os primórdios da rádio e depois da televisão. Foi ontem o boom, com a internet. Foi hoje, a adopção da blogosfera. Foi há instantes, o aparecimento do twitter. E agora? Com tamanha capacidade de comunicar em tempo real, como vamos ter tempo para os compassos de espera? Como vamos poder parar para pensar? Não falo já em descansar. Mas sim, em perspectivar a vida e as conexões que nos afectam como indivíduos. Porque se não conseguirmos isso, não nos libertaremos da espiral que nos consome a existência. E passará a ser "normal" a vida em permanente comunicação, numa ilusão de individualidade, afinal totalmente condicionada pela fome de estarmos actualizados. Sem darmos por isso, estaremos a prescindir da nossa intimidade, da nossa relação connosco próprios, da vontade de nos vermos como indivíduos únicos, e não como portadores de um ADN comum a todos os que não saem daquela espiral de vivências alheias ao nosso íntimo ser. Estamos em plena era da robotização. Tão perfeita que, sublinarmente, acreditamos que cada robot é um indivíduo.
Saudades de pisar um parque, de cheirar a vida, da relativa liberdade daquele cervo? Servo? Sirvo?

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