quarta-feira, 15 de março de 2017

O fim da classe média



Não é só a entropia da civilização ocidental que nos entra diariamente pelos olhos e pelos ouvidos. Não! É algo mais forte e dramático que se anuncia.
Vemos a exploração petrolífera deixar de ser rentável, poços a fecharem. Anuncia-se o fim da produção de carros a combustível. Vêm os carros eléctricos. E sem condutor. De uma penada limpam-se várias profissões e enfatiza-se a robotização. Multiplicam-se os exemplos como este, noutros sectores de produção.
A inteligência artificial vai chegar em força.
Os robots que cozinham, que aspiram, que cortam relva, que limpam piscinas,... foram o primeiro passo. Virão os carros sem condutor. Fez-se já uma ponte com uma impressora 3D. Já estão testados robots para a medicina e que conseguem margem de erro zero nas análises para detecção de cancro, contra 7% de erro dos técnicos humanos.  Basta pôr a nossa inteligência imaginativa a funcionar para se projectar uma sociedade nova. Uma sociedade onde os técnicos serão substituídos por máquinas.
Será o fim de uma classe média, tal como a conhecemos hoje? Sem colarinhos azuis, e sem colarinhos brancos. AI is the new black.
Ou, tal como aconteceu com a revolução industrial, o avanço tecnológico acaba sempre por criar mais postos de trabalho do que os que aniquila?
Certo é que a inteligência artificial, mal monitorizada, ou seja, permitindo-se que evolua no sentido do lucro e não do bem estar social, pode conduzir-nos a uma nova barbárie, onde os galgos e os imensos coelhos desempregados e sem nada a perder, se degladiarão até à aniquilação que permita alguma sobrevivência.
Numa sociedade ideal, bem estruturada e civilizada, a Inteligência Artificial seria bem vinda, libertando as pessoas para o bem-estar. Nas sociedades doentes, como as que vemos hoje, o perigo espreita e favorece o aparecimento do Big Brother.


(Publicado em 2016)




Amadeo Souza Cardoso, Galgos

Sem comentários: